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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A contemporaneidade de "Milk: A Voz da Igualdade"


Em seu discurso logo após a vitória contra a Proposta 6, que ia à contramão aos direitos dos homossexuais, Harvey Milk explana o cerne das lutas sociais presentes no ideário de Alex Honneth: a existência coletiva tomando forma como relações ampliadas de reconhecimento.
O filme “Milk: A Voz da Igualdade” explana e coloca em xeque aquilo que se distingue entre os sentimentos morais e as intempéries das condições econômicas ou sociais. O filme conta a trajetória de Harvey Milk, que desde o início de seu ativismo político, ao abrir uma loja no distrito de Castro em São Francisco, deixava escrachado que ali o movimento ditava as investidas econômicas que nele resvalariam e a organização de homossexuais e apoiadores como um movimento político, e não o contrário. Numa progressiva construção, fica evidente que o reduto ativista dentro de Castro torna-se um centro propulsor de ideias e, ao mesmo tempo, atrai para si um contingente maior de pessoas que se veem, na medida de suas especificidades, desrespeitadas em relação ao ultraje feito contra os direitos que os indivíduos homossexuais possuíam ou almejavam possuir.
O que o movimento e seus atores mostram, então, é que o autorrespeito e a autorrealização quando coletivizados são potencializados a condições experienciadas pela massa componente dessa coletividade. E, não só restrito ao âmbito pessoal, a esfera respeitosa começa a tangenciar as decisões políticas. Por isso que o caminho que levou à vitória contra a Proposta 6 é encontrado também quando se tem uma ação judicializadora para reconhecer direitos na união homoafetiva dentro do aparato estatal brasileiro.
As experiências compartilhadas, mesmo que por indivíduos diferentes, são agentes aglutinadores dentro de um círculo de sujeitos onde busca-se a reciprocidade como fator ligante à igualdade. Desde Milk até as investidas do Supremo Tribunal Federal brasileiro, o espectro que ronda é aquele que, finalmente, a possibilidade de se reconhecer como igual tende a não ser mais obstaculizada por agentes internos de movimentação psicológica, e, aos poucos, as feridas abertas pelas diversas lesões provocadas em virtude do preconceito aos homossexuais serão estancadas pelo engajamento na luta pelo respeito de parte-integrantes heterogêneas da sociedade que compartilham de um mesmo entendimento de injustiça.



Leonardo Henrique de Oliveira Castigioni 
1º Ano Direito - Noturno

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