Rompimento
científico, abandono de “cavernas"
A
proposta de René Descartes em sua obra “Discurso do Método” é
apresentar a razão como meio de explicar o mundo e como guia do
homem, além de propor regras para bem conduzir o espírito em busca
da verdade. Já o filósofo Francis Bacon aponta por meio do método
de raciocínio indutivo desvendar a natureza e explicar o mundo a
partir da experiência, guiada pela razão. Além disso, o título da
obra baconiana refere-se a uma contestação à obra de Aristóteles
(“Organum”,que pode ser entendida como “instrumento”), que
apresenta caráter contemplativo ou dedutivo como tentativa de
explicar a natureza. Desse modo, o intuito de Bacon, em sua obra
“Nova Organum”, é propor um novo método de vertente indutiva
para guiar o homem no desbravamento da natureza.
Bacon,
na obra em questão, aborda a ideia de que o intelecto humano é como
um espelho, ou seja, reflete de forma desigual os raios das coisas e,
com isso, as distorce e as corrompe. Nesse contexto, o filósofo
critica o mero exercício da mente sem que haja a consideração da
realidade, isto é, sem a construção de conhecimento factível.
Isso deve-se ao fato de o espírito humano estar sujeito a múltiplas
perturbações, o que é apontado pelo autor como acatalepsia, que é
uma perturbação mental. Com isso, propõe a regulação da mente
por meio da experiência.
A
critica presente na obra em relação à filosofia grega relaciona-se
com a citação de que “ não há um único experimento de que se
possa dizer que tenha contribuído para aliviar e melhorar a condição
humana”. Por exemplo, o silogismo de Aristóteles, que a partir de
duas premissas, uma maior e outra menor, e uma conclusão, atinge um
objetivo por meio de raciocínio dedutivo. Além de criticar o método
grego da retórica, que embora articule bem as palavras, não as
transforma em obras concretas.
É
válido ressaltar ainda, no que se refere à filosofia grega, a
inovação por parte de Bacon em alterar a forma de pensar, já que
propõe um método diferente do aristotélico utilizado até então.
A revolução para a ciência moderna, ou seja, o método indutivo,
pode ser considerado como uma forma de avançar no campo da ciência
ao realizar um estudo investigativo dos fatos. Assim, pode-se
relacionar analogamente ao feito de Prometeu, deus da mitologia grega
que lutou pelo bem-estar dos homens, como o fato de ter roubado o
fogo para o uso comum e ter forçado que a natureza se revelasse.
No
que se refere aos ídolos, que são falsas percepções do mundo,
além dos ídolos da tribo, do teatro e do foro (ou feira), têm-se
os da caverna, que estão vinculados aos tipos de relações
do homem com o mundo em sua volta, além de estarem relacionados com
a formação inicial e a origem de cada indivíduo. Desse modo,
pode-se destacar o "Mito da Caverna", de Platão, apresentado em sua
obra intitulada “A República”, que mostra a característica
humana em temer ao novo, no caso, o temor de sair da caverna e se
deparar com o desconhecido. Platão retrata na obra referida a
permanência do indivíduo no “mundo inteligível”(dentro da
caverna, mundo das sombras) ao negar conhecer o “mundo
sensível”(fora da caverna, mundo das luzes). Assim, há uma
relação metafórica com o medo do homem contemporâneo em deixar
sua “caverna” (zona de conforto) e se deparar com as mazelas do
mundo, como a forma que a política, em especial a brasileira,
encontra-se, e esperar alguma mudança feita pelas mãos de outros.
Assim,
conclui-se que o método proposto por Francis Bacon, embora muito
criticado, contribuiu de forma grandiosa para a ciência moderna por
ter rompido com a forma contemplativa de Aristóteles. Ainda,
percebe-se a importância de exercer o pensamento de modo a desvendar
os mistérios que cercam os homens em geral. Além disso, ao
relacionar as ideias indicadas pelo autor na obra com o contexto
atual, há a necessidade de abandonar “cavernas” e enfrentar os
obstáculos para atingir melhorias para o meio comum.
Gabriela Cabral Roque
1º ano - Direito Diurno
Introdução à Sociologia - Aula 03
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