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sábado, 25 de abril de 2015

Rompimento científico, abandono de “cavernas"
                                                                                                          
       A proposta de René Descartes em sua obra “Discurso do Método” é apresentar a razão como meio de explicar o mundo e como guia do homem, além de propor regras para bem conduzir o espírito em busca da verdade. Já o filósofo Francis Bacon aponta por meio do método de raciocínio indutivo desvendar a natureza e explicar o mundo a partir da experiência, guiada pela razão. Além disso, o título da obra baconiana refere-se a uma contestação à obra de Aristóteles (“Organum”,que pode ser entendida como “instrumento”), que apresenta caráter contemplativo ou dedutivo como tentativa de explicar a natureza. Desse modo, o intuito de Bacon, em sua obra “Nova Organum”, é propor um novo método de vertente indutiva para guiar o homem no desbravamento da natureza.
       Bacon, na obra em questão, aborda a ideia de que o intelecto humano é como um espelho, ou seja, reflete de forma desigual os raios das coisas e, com isso, as distorce e as corrompe. Nesse contexto, o filósofo critica o mero exercício da mente sem que haja a consideração da realidade, isto é, sem a construção de conhecimento factível. Isso deve-se ao fato de o espírito humano estar sujeito a múltiplas perturbações, o que é apontado pelo autor como acatalepsia, que é uma perturbação mental. Com isso, propõe a regulação da mente por meio da experiência.
        A critica presente na obra em relação à filosofia grega relaciona-se com a citação de que “ não há um único experimento de que se possa dizer que tenha contribuído para aliviar e melhorar a condição humana”. Por exemplo, o silogismo de Aristóteles, que a partir de duas premissas, uma maior e outra menor, e uma conclusão, atinge um objetivo por meio de raciocínio dedutivo. Além de criticar o método grego da retórica, que embora articule bem as palavras, não as transforma em obras concretas.
       É válido ressaltar ainda, no que se refere à filosofia grega, a inovação por parte de Bacon em alterar a forma de pensar, já que propõe um método diferente do aristotélico utilizado até então. A revolução para a ciência moderna, ou seja, o método indutivo, pode ser considerado como uma forma de avançar no campo da ciência ao realizar um estudo investigativo dos fatos. Assim, pode-se relacionar analogamente ao feito de Prometeu, deus da mitologia grega que lutou pelo bem-estar dos homens, como o fato de ter roubado o fogo para o uso comum e ter forçado que a natureza se revelasse.
       No que se refere aos ídolos, que são falsas percepções do mundo, além dos ídolos da tribo, do teatro e do foro (ou feira), têm-se os da caverna, que estão vinculados aos tipos de relações do homem com o mundo em sua volta, além de estarem relacionados com a formação inicial e a origem de cada indivíduo. Desse modo, pode-se destacar o "Mito da Caverna", de Platão, apresentado em sua obra intitulada “A República”, que mostra a característica humana em temer ao novo, no caso, o temor de sair da caverna e se deparar com o desconhecido. Platão retrata na obra referida a permanência do indivíduo no “mundo inteligível”(dentro da caverna, mundo das sombras) ao negar conhecer o “mundo sensível”(fora da caverna, mundo das luzes). Assim, há uma relação metafórica com o medo do homem contemporâneo em deixar sua “caverna” (zona de conforto) e se deparar com as mazelas do mundo, como a forma que a política, em especial a brasileira, encontra-se, e esperar alguma mudança feita pelas mãos de outros.
        Assim, conclui-se que o método proposto por Francis Bacon, embora muito criticado, contribuiu de forma grandiosa para a ciência moderna por ter rompido com a forma contemplativa de Aristóteles. Ainda, percebe-se a importância de exercer o pensamento de modo a desvendar os mistérios que cercam os homens em geral. Além disso, ao relacionar as ideias indicadas pelo autor na obra com o contexto atual, há a necessidade de abandonar “cavernas” e enfrentar os obstáculos para atingir melhorias para o meio comum. 

Gabriela Cabral Roque 
             1º ano - Direito Diurno
             Introdução à Sociologia - Aula 03 


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