Anos antes de propor seu Novum organum, o filósofo inglês Francis
Bacon publicou um texto dedicado à compreensão dos mitos gregos, o qual
denominou De sapientia veterum. Na
obra, analisa especialmente o mito de Orfeu, filho de Apolo que, com sua música
e poesia, controlava e desvendava a
natureza.
Esse desejo pelo controle da
natureza se traduziria fortemente na obra mais famosa do pensador, em 1620. No Novum organum, Bacon defende um modelo
de ciência baseado na experiência e nos sentidos. A natureza seria um “código
material”, o qual caberia à humanidade decifrá-lo, obrigá-lo a dar respostas,
com o objetivo puro de alcançar-se o
progresso. Tal ânsia por um novo método de organização do conhecimento partia
principalmente da necessidade de superação
da lógica aristotélica, que era basicamente contemplativa e, portanto,
incapaz de amparar o domínio da natureza.
Um século depois, o ideal de
submissão dos recursos naturais a favor do progresso humano se transformaria no
pilar de uma grande mudança econômica,
social e ideológica: a Revolução Industrial. Ao sugerir uma ciência técnica,
em que o conhecimento e a busca pela inovação baseiam-se no controle da
natureza, Bacon inaugura uma mentalidade que viria a ser responsável por um dos
maiores problemas da atualidade, o esgotamento dos recursos naturais.
Claramente, não se pode negar a
importância do método prático e investigativo do filósofo seiscentista para a
ciência tal como a conhecemos hoje, bem como a atualidade de sua teoria dos Ídolos.
Contudo, a mentalidade de escravização da natureza está indiscutivelmente esgotada. Não há mais, de forma alguma, espaço
para ideias que coloquem o conforto humano como superior em detrimento dos
recursos naturais.
Lívia Armentano Sargi
1° ano - Direito diurno
Aula 3
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