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sábado, 25 de abril de 2015

Do mito grego de Orfeu à Francis Bacon: a escravização da natureza

Anos antes de propor seu Novum organum, o filósofo inglês Francis Bacon publicou um texto dedicado à compreensão dos mitos gregos, o qual denominou De sapientia veterum. Na obra, analisa especialmente o mito de Orfeu, filho de Apolo que, com sua música e poesia, controlava e desvendava a natureza.

Esse desejo pelo controle da natureza se traduziria fortemente na obra mais famosa do pensador, em 1620. No Novum organum, Bacon defende um modelo de ciência baseado na experiência e nos sentidos. A natureza seria um “código material”, o qual caberia à humanidade decifrá-lo, obrigá-lo a dar respostas, com o objetivo puro de alcançar-se o progresso. Tal ânsia por um novo método de organização do conhecimento partia principalmente da necessidade de superação da lógica aristotélica, que era basicamente contemplativa e, portanto, incapaz de amparar o domínio da natureza.

Um século depois, o ideal de submissão dos recursos naturais a favor do progresso humano se transformaria no pilar de uma grande mudança econômica, social e ideológica: a Revolução Industrial. Ao sugerir uma ciência técnica, em que o conhecimento e a busca pela inovação baseiam-se no controle da natureza, Bacon inaugura uma mentalidade que viria a ser responsável por um dos maiores problemas da atualidade, o esgotamento dos recursos naturais.

Claramente, não se pode negar a importância do método prático e investigativo do filósofo seiscentista para a ciência tal como a conhecemos hoje, bem como a atualidade de sua teoria dos Ídolos. Contudo, a mentalidade de escravização da natureza está indiscutivelmente esgotada. Não há mais, de forma alguma, espaço para ideias que coloquem o conforto humano como superior em detrimento dos recursos naturais. 

Lívia Armentano Sargi
1° ano - Direito diurno
Aula 3

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