“O intelecto humano,
quando assente em uma convicção (ou por já bem aceita e acreditada ou porque o
agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo. E ainda que em maior numero, não
observa a força das instancias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo a distinções,
põe-nas de parte e rejeita, não sem grande e pernicioso prejuízo”
Francis Bacon
Atualmente,
com o sistema político representativo, supõe-se que toda a população brasileira
acima de 18 anos, com algumas exceções, tenha permissão de voto e dessa forma
possa fazer com que seus interesses sejam representados. Entretanto, há uma
névoa de antecipações nesse cenário: A política brasileira, desde seus
princípios, têm contemplado leis feitas por uma minoria em poder, que vem utilizando-se
dos veículos de propaganda em massa, da manipulação do senso comum e através
desses, incutindo a uma maioria, seus próprios preconceitos e vontades.
Mas por que
essa maioria da população raramente contestou tais ações? Qual é o cerne desse
poder dos veículos de propaganda em massa que manipula tão facilmente o
intelecto coletivo?
Segundo
Francis Bacon, considerado o “pai do empirismo”, o conhecimento humano pode ser
iludido pelos chamados ídolos, falsas percepções de mundo, fundados na própria
natureza humana. No caso da manipulação das massas, tudo começa com a
construção de uma imagem de tal emissora, tal revista, fazendo com que a
opinião popular confie nesses veículos (ídolo do foro e do teatro). Após essa
consolidação de imagem, começa o bombardeamento de um discurso específico na mídia.
Tal discurso é absorvido pelas pessoas, que transmitem isso a seus
conterrâneos, e assim uma maioria da população edifica e internaliza um
pensamento que não é seu, sem criticar ou analisar o teor do mesmo (ídolo da
caverna, do foro, da tribo).
O cenário em
questão permite que absurdos sejam proferidos e executados na política do país,
sendo a personificação de interesses particulares dos políticos um dos mais em
voga. Claro exemplo disso foi a recente pronunciação “Vai ter que passar por
cima do meu cadáver para votar” do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha,
sobre projetos de lei que abordassem o casamento homossexual e a
descriminalização do aborto. Essa afirmação baseia-se nos interesses
particulares do político em detrimento dos interesses de toda uma população que
o mesmo representa. O mesmo também acelerou a tramitação de pautas polêmicas
como a redução da maioridade penal e a terceirização da cadeia produtiva, duas medidas
que possuem o interesse de lobbys específicos e que são veiculadas como
positivas na mídia, a fim de que a massa populacional seja convencida a aceitá-las
passivelmente.
A
internalização de percepções sem nenhuma investigação crítica, o intento
temerário e prematuro, guiando-se apenas pelas impressões, faz com que haja
apenas uma “Antecipação da natureza” pela maior parte da população, e não uma
“Interpretação da natureza”, pela qual a investigação e experimentação seriam
fatores primordiais para a construção do conhecimento, e nesse âmbito, o
conhecimento de seus direitos políticos e reivindicatórios.
Mariana Ferreira Figueiredo
1º ano de Direito (Diurno)
Introdução à sociologia - Aula 03
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