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sábado, 25 de abril de 2015

A política brasileira e a "antecipação da natureza"


“O intelecto humano, quando assente em uma convicção (ou por já bem aceita e acreditada ou porque o agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo. E ainda que em maior numero, não observa a força das instancias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo a distinções, põe-nas de parte e rejeita, não sem grande e pernicioso prejuízo”
Francis Bacon

   Atualmente, com o sistema político representativo, supõe-se que toda a população brasileira acima de 18 anos, com algumas exceções, tenha permissão de voto e dessa forma possa fazer com que seus interesses sejam representados. Entretanto, há uma névoa de antecipações nesse cenário: A política brasileira, desde seus princípios, têm contemplado leis feitas por uma minoria em poder, que vem utilizando-se dos veículos de propaganda em massa, da manipulação do senso comum e através desses, incutindo a uma maioria, seus próprios preconceitos e vontades.
   Mas por que essa maioria da população raramente contestou tais ações? Qual é o cerne desse poder dos veículos de propaganda em massa que manipula tão facilmente o intelecto coletivo?
   Segundo Francis Bacon, considerado o “pai do empirismo”, o conhecimento humano pode ser iludido pelos chamados ídolos, falsas percepções de mundo, fundados na própria natureza humana. No caso da manipulação das massas, tudo começa com a construção de uma imagem de tal emissora, tal revista, fazendo com que a opinião popular confie nesses veículos (ídolo do foro e do teatro). Após essa consolidação de imagem, começa o bombardeamento de um discurso específico na mídia. Tal discurso é absorvido pelas pessoas, que transmitem isso a seus conterrâneos, e assim uma maioria da população edifica e internaliza um pensamento que não é seu, sem criticar ou analisar o teor do mesmo (ídolo da caverna, do foro, da tribo).
  O cenário em questão permite que absurdos sejam proferidos e executados na política do país, sendo a personificação de interesses particulares dos políticos um dos mais em voga. Claro exemplo disso foi a recente pronunciação “Vai ter que passar por cima do meu cadáver para votar” do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, sobre projetos de lei que abordassem o casamento homossexual e a descriminalização do aborto. Essa afirmação baseia-se nos interesses particulares do político em detrimento dos interesses de toda uma população que o mesmo representa. O mesmo também acelerou a tramitação de pautas polêmicas como a redução da maioridade penal e a terceirização da cadeia produtiva, duas medidas que possuem o interesse de lobbys específicos e que são veiculadas como positivas na mídia, a fim de que a massa populacional seja convencida a aceitá-las passivelmente.
   A internalização de percepções sem nenhuma investigação crítica, o intento temerário e prematuro, guiando-se apenas pelas impressões, faz com que haja apenas uma “Antecipação da natureza” pela maior parte da população, e não uma “Interpretação da natureza”, pela qual a investigação e experimentação seriam fatores primordiais para a construção do conhecimento, e nesse âmbito, o conhecimento de seus direitos políticos e reivindicatórios.

Mariana Ferreira Figueiredo
1º ano de Direito (Diurno)
Introdução à sociologia - Aula 03

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