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sábado, 25 de abril de 2015

Bacon: releitura de razão

O pensamento racional é objeto de estudo recorrente nas ciências -  exatas e humanas – devido a sua complexidade e por não ser um conceito hermético. À luz dessa afirmação, Francis Bacon apresenta sua teoria a partir de um viés inovador, tanto quanto o fez Descartes. Nesse sentido, o âmago da teoria baconiana, em Novo Organum, consiste na ênfase dada à investigação científica e – obviamente- à razão.

Na atualidade, tal realce é reiterado no campo jurídico, pois, vive-se a era em que a jurisprudência não depende somente do direito normativo. Pela experiência e observação de casos concretos, a lei e a prática tornam-se interdependentes. Exemplo disso seria a questão do estatuto da família, na qual, o fundamento legal (razão) está em desacordo com o contexto real (observação prática), já que, o conceito de família não se sustenta mais apenas nos moldes tradicionais, mas é hoje também protagonizado pelas relações homo afetivas não previstas em leis.

Conseguinte à perscrutação científica, Bacon aponta a importância da clareza e instrumentalidade na razão, colocando-as em oposição com a fantasia e a contemplação (herdada do mundo grego); julga assim, o método indutivo aplicável enquanto refuta o dedutivo. Desse objeto rejeitado é que provêm os ídolos, ou seja, as noções de mundo distorcidas. Tomando como referência um deles – ídolo da caverna – pode-se relacioná-lo ao cotidiano. Muitas das tradições em diversas culturas não se originam do método científico, mas meramente do empirismo. Dessa forma, a tradição pode ser motivação para a cegueira racional, para a alienação, devido à dificuldade de desprendimento de uma ideologia e aceitação de outra. Ocorre, assim, em estados teocráticos, como os islâmicos, nos quais, a predominância da religião tradicional, fomenta a repetição de axiomas tidos como verdades incontestáveis.


Em suma, no organismo social ocorre, desde tempos mais remotos, uma releitura do conceito de racionalidade. O cineasta Ingmar Bergman, em O Sétimo Selo, nos coloca frente a esse impasse razão x tradição, visto que, o filme aborda a relação de um indivíduo com a morte em uma época ladeada pela concepção cristã, cujo poder era irrefutável. Pela metáfora do jogo de xadrez entre a morte e um cavaleiro, expõe a ideia da razão em função da dúvida. Portanto, aí encontra-se a prova de tal releitura: um filme produzido em meados de 1950, retratando uma era medieval e lembrado até os dias atuais como um marco sobre o estudo da razão x a tradição, o empirismo e, no caso da teoria de Bacon, os ídolos. 

Ana Flávia Toller - 1º ano direito diurno - Aula 3.

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