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segunda-feira, 24 de março de 2025

A condenação do trabalho CLT

   A imaginação sociológica, preconizada pelo sociólogo Wright Mills, diz respeito à percepção de como a realidade de cada indivíduo está intrinsecamente ligada a contextos sociais mais amplos. Logo, um sujeito que possui tal imaginação detém a capacidade de ir além de sua visão da realidade, limitada pelo cenário em que está inserido, graças aos valores que absorveu durante toda a sua vida, conseguindo, assim, analisar o que o cerca de maneira mais crítica. Contudo, tal percepção é raramente alcançada pelos membros da sociedade, que muitas vezes se encontram alienados pela indústria cultural, principalmente por influência das redes sociais.

Nesse contexto, tal alienação é perceptível quando analisamos casos como o discurso cada vez mais presente de influenciadores que condenam o trabalho CLT e enaltecem o indivíduo ser seu próprio chefe. Tais falas contaminaram uma grande parcela dos trabalhadores, que preferem abrir mão dos direitos conquistados e garantidos pela CLT para seguir o sonho do empreendedorismo que lhes foi vendido. Logo, graças à análise rasa das frases sedutoras amplamente difundidas nas redes sociais, as massas, ao não tentarem ir além do que está diante de seus olhos, lutam contra a melhora de suas próprias vidas, indo na contramão de suas conquistas, aumentando a precarização e a falta de direitos trabalhistas que lhes são garantidos.

Portanto, por meio da análise a partir da ótica da imaginação sociológica, fica perceptível que a "demonização" do trabalho CLT não se resume somente a um indivíduo que está cego para a realidade, mas sim a um fenômeno de caráter social, representado por uma sociedade enviesada por sua realidade, interpretando-a de maneira superficial e tendenciosa.

Gustavo Zoca Goulart de Andrade, primeiro semestre de direito, noturno.


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