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segunda-feira, 24 de março de 2025

Entre Muros: A Violência da "Condominização" e a Lógica da Exclusão

    A princípio é necessário analisarmos o fenômeno da "condominização" nos espaços físicos e simbólicos do nosso dia a dia. Shoppings e universidades são apenas alguns exemplos de como apartheids acompanham nossas vidas e muitos espaços representam lugares destinados a apenas algumas pessoas, levando em consideração renda, etnia e demais particularidades. 

    Nesse sentido, o condomínio brasileiro tem uma conformação histórica semelhante às capitanias hereditárias. Há nele, inclusive, internamente dinâmicas violentas de separação entre funcionários e moradores, como os elevadores de serviço e o “quarto do fundo para a empregada” nas estruturas de moradia predominantes das casas brasileiras.

    Eliane Brum, em seu texto: “Mãe, onde dormem as pessoas marrons?”, apresenta como a lógica do condomínio pela visão infantil denuncia a brutalidade do país que criamos para elas. Isso escancara em como a naturalização de um mundo segregado é internalizado por nós, o que interrompe o exercício de coletividade e cidadania já que não não enxergamos no outro o mesmo direito de espaço que nós. Nesse sentido, assim como Wright Mills afirma, estamos limitados pelo cenário próximo que vivemos, tornando base da nossa consciência direta sobre nossa visão de mundo e se fazendo necessário o processo de estranhamento e desnaturalização para a compreensão das dinâmicas sociais e históricas que permeiam nossas vidas. 

    Portanto, a Imaginação Sociológica, assim como o autor afirma, busca superar o senso comum em busca de um saber científico sobre a realidade para que nunca naturalizemos algo a fim de que passe por imutável, bem como os espaços de segregação que os condomínios produzem desde o processo de colonização.

Sophia Rossato Ferro, 1º Ano -  Direito (Noturno)

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