O sociólogo Wright Mills explica o conceito de imaginação sociológica como a capacidade humana de analisar, por meio do desenvolvimento da razão, os acontecimentos do mundo de forma complexa e ampla. O ser humano inicia essa habilidade a partir do momento em que deixa de se limitar a um contexto individual cerceado por sua realidade e passa a considerar a sociedade como uma grande máquina com peças que constantemente se relacionam. Entretanto, a sociedade atual vem sendo cada vez mais marcada pela falta da imaginação sociológica, uma vez que uma parcela da população prefere se fechar ao pensamento crítico a compreender de maneira profunda as problemáticas da atualidade.
A escassez da imaginação sociológica teorizada por Mills se reflete na atualidade em movimentos como os da Escola Sem Partido, uma iniciativa que se apresenta como contrária à "apresentação de ideologias" em instituições educacionais- escolas e universidades - e ,utilizando termos como "ideologia de gênero" e "doutrinação ideológica", busca barrar o debate crítico amplo acerca de temas sobre sociologia,política e história. Desse modo, a disseminação de pensamentos semelhantes não só reduz a capacidade humana de analisar situações fora da sua própria "bolha social" como também problematiza essa análise com o falso discurso de que a discussão crítica é uma pauta exclusiva da esquerda. Consequentemente, ao se suprimir o desenvolvimento da imaginação sociológica desde a base da educação, a sociedade se torna mais distante da política como um todo e ,como afirmou Mills ,"adquire frequentemente uma consciência falsa de suas posições sociais."
Portanto, é facilmente perceptível o processo gradual de "despolitização" da sociedade atual que acontece concomitantemente ao desencorajamento do "saber" relacionado ao sentido social e histórico do indivíduo dentro da realidade mundial. Desse modo ,movimentos que buscam implicitamente a alienação do ser humano ganham cada vez mais espaço e reconhecimento no tecido social e, assim, buscam problematizar o essencial exercício da imaginação sociológica.
Eu concordo com muitas coisas do que você disse Rafaela. Mas fico a pensar se a reflexão, crítica, também não permitiria dar aos indivíduos o direito de se refugiarem em si mesmos porque, de fato, nem todos querem, por diversas razões, compreender o mundo sob o contexto da imaginação sociológica. O que pensa sobre isso? Com respeito, Alexandre.
ResponderExcluir