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segunda-feira, 24 de março de 2025

A atual negociação de direitos em prol da individualidade.

Os indivíduos contemporâneos se mostram extremamente preocupados com questões publicas relacionadas a segurança e proteção pessoal. O que refletiu nas eleições de 2018, em que o ex-militar Jair Bolsonaro conseguiu uma grande quantidade de seguidores, responsáveis pela sua vitória nas eleições, por emitir diversas declarações de defesa ao armamento da população como garantia da integridade dos cidadãos de 'bem'. Entretanto, como exposto por Wright Mills em "A imaginação sociológica", p.11, "em defesa do eu se tornem moralmente insensíveis", ou seja, essa obsessão esta resultando na individualidade, ausência de empatia e anseio pela negligencia de direitos até então indiscutíveis.

Essa realidade pode ser visualizada no caso do Gabriel  Renan da Silva Soares, em que foi assassinado por um policial militar. Nas imagens das câmeras de segurança Gabriel estava correndo de um supermercado com produtos na mão, quando escorrega, o agente da policia que estava de costas durante a queda, dispara oito tiros contra ele. Assim, qualquer tipo de abordagem humana e de direito a todos os brasileiros, independente da situação, é negligenciada. A pena que tradicionalmente e legalmente é decidida por pessoas capacitadas, estudadas e pautadas em leis, atualmente está à mercê da individualidade e subjetividade de indivíduos prontos para julgar e direcionar suas sentenças agressivas e na maioria das vezes, como no caso do Gabriel, irreversíveis a parcelas bem definidas da população: a preta e pobre. 

A repercussão do caso foi ainda mais reveladora do que a própria atitude do policial. Uma grande parcela dos interlocutores o parabenizou, expressando o desejo de que essa postura se tornasse comum entre os agentes, afim de que a segurança e proteção da população fosse restaurada e efetivamente feita. Essa reação desconsidera completamente as violações de direitos que tal atitude implica. Para esses indivíduos, qualquer coisa que possa ameaçar suas individualidades e seus bens, merece ser reprimida, independente dos métodos. Para eles, não interessa quantos pretos e pobres inocentes precisarão morrer apenas por -nos parâmetros subjetivos: preconceituosos e racistas- parecerem suspeitos, mesmo sem qualquer abordagem. 

Portanto, os direitos que antes eram indiscutíveis, como o de ser considerado inocente até que provem o contrário, e o de uma defesa, estão sendo desprezados nas atitudes de muitos agentes policiais que agem conforme seus próprios ideais, e apoiados por grande parte da população- alucinada com a ideia de que mesmo burlando a constituição, essas ações são tomadas visando a proteção. É visível, então, que os direitos são respeitados apenas quando são convenientes para os interesses desses 'cidadãos de bem'- que, por sinal, nunca possuem um caráter social. Embora o Brasil não permita constitucionalmente a pena de morte, na atualidade ela se faz vigente. A pena: a mercê de incompetentes para defini-la e a morte, contrariando a legislação que prega igualdade entre os indivíduos, bem direcionada: aos pretos e pobres. 


Laís Alves de Queiroz- 1º direito; Noturno.

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