O método Positivista surgiu na França na primeira metade do século XIX, cujo principal expoente foi o filósofo Auguste Comte, tendo por base a crença de que apenas o conhecimento científico poderia ser dado como verdadeiro. Entretanto, remete-se a criação do método científico ao século XII, com filósofos como Francis Bacon e René Descartes, que apontavam a necessidade de um olhar objetivo e baseado na experiência empírica como forma de conhecer verdadeiramente a natureza e, assim, dominá-la. Dessa forma, os princípios do método positivista surgem com os filósofos renascentistas, que promoveram a gradativa racionalização das ciências naturais, agora calcadas no empirismo e na observação do real como meios para se alcançar um conhecimento de mundo verdadeiro.
As ciências naturais são aquelas que estudam os fenômenos da natureza, tais quais os de caráter físico (Física), químico (Química) e biológico (Biologia), dentre outros, a fim de entendê-los e controlá-los. Porém, embora o estudo do homem como ser pertencente à natureza já ocorra dentro das ciências biológicas, tem-se em mente o caráter principal da vida em sociedade para sua existência, a qual não é aprofundada nos estudos da biologia. Portanto, faz-se necessário que haja uma ciência voltada para o estudo do homem como ser social e político e das suas relações em comunidade. Assim, surge, em 1822, através de um ensaio de Comte sobre o positivismo, a ideia de uma Física Social, conhecida atualmente como Sociologia, cujo objetivo é o estudo dos fenômenos sociais a partir de um método científico tal qual o utilizado pelas ciências naturais acerca de seus objetos de estudo, submetendo-os a leis gerais e invariáveis.
Sob a perspectiva positivista, Auguste Comte entende que é preciso a compreensão da sociedade de forma concreta e empírica, para que seja possível sua transformação. O filósofo entende que a sociedade é dotada de um dualismo entre reorganização e desorganização/normal e anormal, sendo necessário um estudo que busque compreender tal realidade a fim de instaurar uma ordem social e, a partir desta, permitir o progresso da sociedade. Tal conceito de ordem, por sua vez, é descrito pelo autor como a manutenção das instituições estáticas e básicas funcionando, tais quais a família, o direito e a cultura.
Sendo assim, Comte traz em sua teoria alguns conceitos acerca de como deve ser a organização da sociedade, como, por exemplo, a necessidade da existência de diferentes camadas sociais com papéis predeterminados. Sobre tal assunto, o autor explica não só a necessidade da manutenção das baixas camadas sociais para a existência e bom funcionamento das camadas superiores, além de argumentar em prol da apreciação e do orgulho do pertencimento às camadas proletárias e da não tentativa de ascensão social (tida como um risco ao equilíbrio vigente). Dessa forma, a ordem consiste na conservação das instituições e das pessoas em seus respectivos lugares sociais para que a sociedade possa, então, funcionar de maneira plena e caminhar em direção ao progresso.
Por fim, entende-se atualmente o erro do pensamento Comteano ao tratar a sociedade não só de maneira a excluir os aspectos subjetivos dos indivíduos (como seres com vivências, pensamentos, consciência, sentimentos, dentre outros), os quais possuem também papel determinante na construção e caminhar de uma sociedade, como também a defender a manutenção da desigualdade social. Assim, embora seja certo que o pensamento positivista ainda se faça presente nas sociedades atuais, a exemplo do discurso conservador contra a ascensão social, presente na maioria das grandes nações capitalistas do mundo contemporâneo (o que justifica, por exemplo, a ascensão de movimentos como o "bolsonarismo" no Brasil atual), deve-se ter em mente a complexidade do estudo sociológico e a necessidade do cuidado contra possíveis erros de tal índole na tentativa de uma transformação social.
Aluna: Maria Clara Feitosa de Oliveira - 1° ano de Direito - Matutino
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