“A modernidade é a era em que nossa existência social depende do olhar dos outros: somos quem conseguimos fazer que os outros acreditem que somos” (Contardo Calligaris). Quando confrontado pelo abismo do desconhecido, o ser humano tende a se agarrar ao que lhe é familiar. Com o abrupto salto da humanidade na modernidade, diversos indivíduos se deparam com os valores nos quais basearam suas existências sendo esvaídos. Tal fenômeno resulta nos inúmeros grupos ascendentes que advocam pela manutenção de seus parâmetros de vida; pauta essa que suscintamente deixou seu aspecto moral e entrou no âmbito político, sendo adotada por incontáveis lideranças partidárias.
Desde sua primeira
formatação, o Estado brasileiro é permeado pela visão positivista em seus
aspectos mais característicos. Nosso lema, “Ordem e Progresso”, resume tal
afirmação; exemplificando a base ideológica na qual a nação foi fundada: o
ordenamento é necessário para o pleno progresso. Sendo assim, torna-se claro o
motivo pelo qual, mesmo passando por leves reformas, a estrutura social
brasileira se mantém a mesma: netos prosseguem nas mesmas posições que seus avós,
em ambas as classes econômicas. Tal aspecto é necessário para o funcionamento
da hierarquia que serve como sustentação da sociedade moderna como a
conhecemos. Valendo-se dessa máxima, lideranças políticas com intenções
secundárias por trás de seus atos, atrelam tal ordem social com valores morais
e de tradição, removendo assim, a distinção entre intenções políticas e princípios
de vida pessoais. Dessa forma, a defesa da tradição e culto ao passado, tornam-se
pautas de honra ao cidadão comum, que, ao defendê-las, inconscientemente beneficia
àqueles no topo do ordenamento e hierarquia social.
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