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segunda-feira, 20 de junho de 2022

We don't talk about Marx

   Qual relação poderia haver entre um sociólogo e um personagem de animações para a família? Ambos são mal interpretados dentro da realidade em que estão inseridos. Em Encanto, filme da Disney, somos apresentados a uma família não tradicional da América latina que possui dons sobrenaturais, onde cada membro possui sua função e o que é esperado de cada um deles e dessa forma, excluem dois participantes da família, Bruno e Mirabel, onde o primeiro não pode sequer ser mencionado por conta de superstições que afirmam que ele "traz azar". 

     Ainda que seja uma animação com um intuito familiar, Bruno pode ser muito bem substituido pelo sociólogo Karl Marx no contexto atual em que o Brasil está, uma vez que através de falsas informações, falar do mesmo se torna um ato de revolução nas raras as vezes em que o que se é dito possui verdade. O sociólogo possui teorias que criticam o modo de vida capitalista e exemplifica formas que o sistema utiliza de até mesmo alienar os indivíduos, apontando as falhas e um modo de solucionar tais problemas, porém, como forma de embate ao pensamento do mesmo, uma onda de notícias falsas foi estabelecida e uma ideia errada, no Brasil, de que o "comunismo", é o mal propagado dentro do país, mesmo que nunca tenha realmente estabelecido tal regime. 

     No decorrer da obra cinematográfica, percebemos uma reviravolta em que, na verdade, o personagem Bruno, não possuía o poder de trazer mau agouro e muito menos era o vilão como muito traduzido por outros, mas é demonstrado que na verdade, tudo não passou de um mal entendido, uma vez que seu poder era prever o que de fato iria acontecer. Parafraseando novamente com a realidade, é perceptível que Marx busca, muito contrário ao que pensam, trazer uma visão do futuro, um futuro onde as lutas de classe trouxeram a evolução necessária para sanar a desigualdade e a alienação que é proposta pelo capitalismo, pois, assim como a família mencionada no filme, o país vive um momento de cegueira onde não podemos ver além daquilo que estamos fazendo, além daquilo que somos programados para conseguir ver. Para o sociólogo, devemos utilizar da história da humanidade, a história da luta de classes e nos orientar a respeito da realidade, e não de idealizações. 

     Visto isso, tem-se a conclusão de que devemos falar sobre Karl Marx e "devemos falar sobre Bruno", pois eles são aqueles que se propõem a discutir o que é de fora da realidade em que vivem, trazendo a tona os reais problemas e dificuldades, sendo em animações ou no contexto socioeconômico mundial.


Maria Cecília da Silva Mateus, 1° direito noturno

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