Pode-se dizer com plena convicção de que a sociedade e o
Estado brasileiros fracassaram no combate a pandemia de COVID-19. Um fracasso
no mínimo justificável pelas péssimas políticas do presidente da república Jair
Bolsonaro que repercutem, de forma extremamente nociva, no restante da
sociedade.
A estratégia das Fake
News não é exatamente nova, mas continua sendo extremamente utilizada. Esse
recurso foi usado na eleição do presidente estadunidense Donald Trump, e foi
uma estratégia da eleição brasileira de 2018, através de noticias como a
“mamadeira de piroca” e “ideologia de genêro”. As plataformas usadas, como
YouTube, Instagram, Facebook, Whatsapp e Twitter acabaram dando visibilidade
para essas mentiras, contribuindo para a eleição de muitas pessoas que
compartilhavam essas mentiras, como os membros do Movimento Brasil Livre (MBL)
Arthur Moledo do Val, Kim Kataguiri, Fernando Holiday e do próprio presidente
da república. Atualmente, ainda se tenta investigar como esses sistemas
funcionam através da CPMI das Fake News, investigando
o tal Gabinete do Ódio. Ou seja, ainda é um obstáculo extremamente grande
evitar que essas informações cheguem ao público. Quando tratamos da pandemia de
COVID-19, o problema não muda. Apesar de órgãos mundiais e as universidades
estarem avisando dos comportamentos corretos para combater a pandemia, como o
constante uso de mascaras e higienização das mãos, da gravidade da situação,
como o crescente número de óbitos e de infectados, e da necessidade urgente de
aderência ao isolamento social, muitos conservadores, liderados pelo
presidente, mostraram-se resistentes a essas informações, classificando-as como
falsas. Muitas falas do presidente revelam essa despreocupação com o momento no
qual vivemos. Pode-se citar quando classificou a doença como “só uma
gripezinha”, ou quando propôs um isolamento vertical, deixando apenas o grupo
de risco isolado.
O problema de um presidente tomar tais atitudes é sua
repercussão no corpo social. Quando se tem uma figura messiânica no poder,
muitos de seus seguidores seguem suas palavras, independente da falácia que
for. Isoladamente, uma pessoa que desrespeita a quarentena não reproduz sérios
efeitos na coletividade, mas surge um problema quando um grupo considerável
segue essas tendências. Não só porque essas pessoas estarão desrespeitando, mas
também estarão compartilhando uma informação falsa para inúmeras pessoas.
Usando ideias de Émile Durkheim, estaríamos entrando em um estado de anomia
social, visto que estamos em um perigo de pandemia e um grupo extremamente
grande de indivíduos não está cumprindo seu papel social par combater essa
situação. Pelo contrário, negam esses fatos, deturpando e prejudicando toda a
coletividade em que vivem e influenciando, principalmente, as políticas
públicas (como observamos na imensa compra de hidroxicloroquina pelo
presidente, medicamento que já teve sua ineficiência comprovada diversas
vezes).
O corpo social está em colapso. As “liberdades
individuais”, nesse momento de crise, são mais importantes para o setor
conservador do que um plano coletivo. Mas quem podemos culpar pelos quase 100
mil mortos por COVID-19? Jair pode até se chamar messias, mas não pode fazer
milagres.
Murilo de Oliveira Botaro - 1° Ano de Direito - Noturno
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