Funcionamento
do corpo social. Para Durkheim a sociedade é um organismo vivo. Cada fenômeno
está ligado à totalidade. Mostrar a funcionalidade de um fato não é mostrar
como ele se originou. A sociologia de Durkheim busca uma perspectiva que
envolve a complexidade e isso vai muito além da abordagem positivista. Não é a
expressão final, o que nós vemos constantemente em certas formas de punição ou
em outros fenômenos sociais, mas sim aquilo que cria os fenômenos no âmbito da
sociedade. Assim, para esse sociólogo, a concepção de educução somente como um
fenômeno pelo qual os indivíduos aprendem o convívio social ou o meio pelo qual é engendrado em cada
indivíduo o ser social é apenas a expressão final ou o que se chama de finalismo.
A escola, então, em uma visão durkheimiana contribui para criar “células” que
formam um “órgão” que se relacionam com outros “órgãos” formando uma base que
serve como alicerce. Por isso que o papel dos sociólogos deve ser perceber as
instituições que não estão funcionando bem ou aquelas que são disfuncionais, para
além de explicar os fenômenos, fornecer instrumentos e informações para que se possa pensar a
reforma dessas instituições.
Está em pauta uma crescente
discussão acerca da redução da maioridade penal. Uma visão positivista,
observante do fim, diante do fato de que os adolescentes são crescentemente
protagonistas de atos de violêcia, advogariam a ideia de que, se isso acontece,
deve-se punir tal adolescente com mais vigor, com uma antecedência daquilo que
acreditavam ser a idade pertinente para a imputação de responsabilidade a ele. O
funcionalismo durkheimiano diz que para explicar esse crescimento vertiginoso
da violência juvenil é necessário que se entenda o que gera tal violência. E é, justamente, o encadeamento de funções e de instituições que dará uma resposta consistente e densa. Diante
disso, deve-se observar quais são as disfuncionalidades das instituições que
causam esses fatos sociais específicos, singulares; ou seja, o que poderia explicar
esse crescimento vertiginoso, exterior à natureza humana? O sistema de educação
falho; saúde pública, que abrange a falta de informação sobre métodos
contraceptivos e planejamento familiar, empregos informais, desigualdades
sociais, entre outros que poderiam ser analizados. Portanto, mais do que buscar,
a partir de um sentimento de vingança, a responsabilização e punição do menor
infrator, percebe-se uma questão muito mais complexa, pois envolve diversos
encadeamentos. Sendo que, uma vez indentificadas as disfuncionalidades pode-se
buscar a correção das mesmas, pois, caso contrário, passarão a ser recorrentes
no meio social.
Yasmin Commar Curia
Primeiro ano do Direito ( noturno)
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