A sociedade contemporânea se define como extremamente racional, embasando todo o seu conhecimento no uso da razão e da experiência, como o proposto por René Descartes em sua obra "O discurso do método". Porém, a afirmação de que os seres humanos hoje encontram-se em seu estado mais racional pode ser questionada se analisarmos criticamente as dinâmicas sociais. É possível observar que a maior parte da sociedade não busca refletir frequentemente sobre aspectos fundamentais de nossa existência, contentando-se em seguir qualquer ideologia proposta, atuando como massa de manobra para políticos, partidos, mídias e celebridades.
Para Descartes, a razão era inata a todos os homens, no entanto, a dúvida era parte essencial da caminhada rumo ao conhecimento, porque ao questionar tudo que era considerado verdade absoluta, o homem buscaria o motivo de tais crenças, aprimorando, assim, sua sabedoria. Contudo, na cultura atual, onde a razão é cultuada e venerada, a dúvida se tornou um princípio elitizado, sendo vista pela maior parte da população como algo que só cabe aos grandes intelectuais e pensadores. A camisa do senso comum é vestida pelas pessoas sem o menor questionamento, por ser mais fácil utilizá-la que procurar um embasamento para criar as próprias opiniões, reflexões, ideologias e conhecimentos, é mais fácil trilhar o caminho já desbravado que se embrenhar por trilhas desconhecidas.
Desse modo, é paradoxal ver como a sociedade afirma ser racional, mas despreza os métodos sugeridos por um dos expoentes do racionalismo. Caracterizando, assim, a hipocrisia na qual todos os sistemas são embasados, mostrando que a razão só é considerada boa se leva ao conhecimento as pessoas favoráveis às instituições, mídias e governos, enquanto os opositores, reais ou potenciais, devem ser mantidos na ignorância. Ou seja, cabe que sejamos uma comunidade apenas parcialmente racional. 1º ano- Direito diurno
Introdução à Sociologia, aula 2.
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