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sábado, 18 de abril de 2015

Descartes: tempo e espaço

  Descartes em sua obra “Discurso do Método’’propõe uma maneira inovadora para produzir conhecimento. No período em que vivera, os homens concebiam o entendimento do mundo primordialmente por meio dos sentidos e do hábito. Assim, o  uso da razão - inerente ao homem – ainda era um tabu. A filosofia analisava a realidade pela união do homem e do objeto que desejaria conhecer e compreender, noção semelhante à contemplação. Nesse sentido, Descartes propõe uma separação entre o indivíduo e o alvo do estudo; tal definição corresponde ao referido “método’’. A importância dessa diferente visão do autor estende-se até a atualidade, pois o homem valoriza a racionalidade e o cientificismo, em detrimento do sentimento, da constatação puramente empírica. 
  Assim, partindo de Descartes, e vendo seu reflexo em outro autores, podemos presenciar tal contemporaneidade, de forma acumulativa e cíclica. Acumulativa por sua durabilidade, visto a extensão de tempo já decorrido desde sua época e por sua aplicação na sociedade atual. Neste último caso, ao notarmos a intensa racionalização, a partir da valorização das especializações no âmbito profissional, por exemplo. Um autor que reafirma essa noção seria Weber:Neste caso, aos últimos homens desta fase da civilização pode-se aplicar esta frase: especialistas sem espírito, gozadores sem coração’’. Já no viés cíclico, a razão apresenta-se principalmente com o progresso científico, visto que, para seu desdobramento a busca por novos conhecimentos não pode estancar e deve ser renovar. Afinal, pela proposta de Descartes, a inesgotabilidade da capacidade de pensar e adquirir novos conhecimentos é um fato.
   Outro princípio “cartesiano’’ seria o do uso da razão como instrumento. Para ele, o pensamento racional deve ter um fim prático. Tal princípio, na modernidade, se reproduz  a medida em que as ciências exatas adquirem – no geral -  maior visibilidade social e mérito-  por uma perspectiva econômica e política-  enquanto, as ciências humanas ou relacionadas  a  arte têm importância reduzida. Um exemplo seria a distribuição de bolsas do programa “Ciência sem Fronteiras’’, as quais são destinadas apenas aos estudantes dos cursos na área das ciências exatas. Nesse caso a teoria de Descartes encontra luz em Nietzsche, por este afirmar a preferência do homem moderno por Apolo (razão) à Dionísio (sentimentos).
    Afinal, apesar da distância temporal da época de Descartes, este obteve espaço na sociedade desde que inseriu o método racional e técnico de ver o mundo. Tal método apresenta consequências até os dias atuais e tornou-se primordial na compreensão do homem em seu percurso.
                                                                                    

                                        Ana Flávia Toller - 1º ano direito diurno - Introdução à Sociologia, aula 2
                                                                                   





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