Descartes em sua obra “Discurso do
Método’’propõe uma maneira inovadora para produzir conhecimento. No período em
que vivera, os homens concebiam o entendimento do mundo primordialmente por
meio dos sentidos e do hábito. Assim, o
uso da razão - inerente ao homem – ainda era um tabu. A filosofia
analisava a realidade pela união do homem e do objeto que desejaria conhecer e
compreender, noção semelhante à contemplação. Nesse sentido, Descartes propõe uma
separação entre o indivíduo e o alvo do estudo; tal definição corresponde ao referido
“método’’. A importância
dessa diferente visão do autor estende-se até a atualidade, pois o homem valoriza
a racionalidade e o cientificismo, em detrimento do sentimento, da constatação
puramente empírica.
Assim, partindo de Descartes, e vendo seu reflexo em outro
autores, podemos presenciar tal contemporaneidade, de forma acumulativa e
cíclica. Acumulativa por sua durabilidade, visto a extensão de tempo já
decorrido desde sua época e por sua aplicação na sociedade atual. Neste último
caso, ao notarmos a intensa racionalização, a partir da valorização das especializações
no âmbito profissional, por exemplo. Um autor que reafirma essa noção seria Weber: “Neste caso, aos últimos homens desta fase da
civilização pode-se aplicar esta frase: especialistas sem espírito, gozadores
sem coração’’. Já no viés cíclico, a razão apresenta-se
principalmente com o progresso científico, visto que, para seu desdobramento a
busca por novos conhecimentos não pode estancar e deve ser renovar. Afinal,
pela proposta de Descartes, a inesgotabilidade da capacidade de pensar e adquirir
novos conhecimentos é um fato.
Outro princípio “cartesiano’’ seria o do uso da
razão como instrumento. Para ele, o pensamento racional deve ter um fim prático.
Tal princípio, na modernidade, se reproduz
a medida em que as ciências exatas adquirem – no geral - maior visibilidade social e mérito- por uma perspectiva econômica e política- enquanto, as ciências humanas ou relacionadas a arte têm importância reduzida. Um exemplo seria
a distribuição de bolsas do programa “Ciência sem Fronteiras’’, as quais são
destinadas apenas aos estudantes dos cursos na área das ciências exatas. Nesse
caso a teoria de Descartes encontra luz em Nietzsche, por este afirmar a
preferência do homem moderno por Apolo (razão) à Dionísio (sentimentos).
Afinal, apesar da distância temporal da
época de Descartes, este obteve espaço na sociedade desde que inseriu o método
racional e técnico de ver o mundo. Tal método apresenta consequências até os
dias atuais e tornou-se primordial na compreensão do homem em seu percurso.
Ana Flávia Toller - 1º ano direito diurno - Introdução à Sociologia, aula 2
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