É natural esperar que, com o advento das máquinas, o ser humano passará a trabalhar menos, já que ela é a síntese de várias ferramentas em um único dispositivo. Não foi o que ocorreu. Houve um incremento nas horas de trabalho devido à necessidade de baratear os produtos, buscando vencer a concorrência. Tal situação, por sua vez, leva diretamente à exploração. O apetite pelo lucro fez por insuflar a mais-valia.
Definamos então o que seria a mais-valia: é o lucro gerado pelo trabalhador além do tempo que seria necessário para que este produzisse seu próprio salário. Podemos exemplificar da seguinte forma: Um trabalhador era capaz de produzir 10 vasos de cerâmica em 8 horas de trabalho, com a mecanização da produção, passa a produzir os mesmos 10 vasos em 3 horas. Em menos tempo, este trabalhador gera o mesmo lucro que antes e seu salário. Contudo, nas 5 horas restantes, este mesmo trabalhador produz ainda mais sem receber aumento em seu salário. Dessa forma, o período de trabalho é mantido, o salário também, mas o lucro é significativamente ampliado. Essa é a mais-valia.
Revolucionar o modo de produção depende do instrumental de trabalho. No caso da indústria moderna, isso se configura pelo uso de máquinas. Quando da manufatura, eram as ferramentas. Para distingui-las, adota-se o critério de força motriz. As ferramentas caracterizam-se pela empregabilidade de força humana, enquanto as máquinas utilizam forças naturais diferentes da do homem, exercendo o trabalho de vários deles.
Da necessidade de incrementar a força motriz, o homem buscou alternativas. Num primeiro momento, arranjou-se com o que parecia mais fácil, isto é, apropriou-se das forças do animal. Entretanto, não foi o suficiente: a necessidade de que a máquina produzisse mais fez despertar o gênio para inovações. Eis que, então, surgiram no cenário os moinhos, a força hidráulica, e, de certa forma no auge, a máquina a vapor. Tudo isso, reitere-se, contribuiu para o aumento da produção.
As dificuldades, porém, não se limitaram à modalidade da força motriz. Com efeito, as primeiras máquinas tiveram de ser produzidas pelas mãos humanas. Nisso, não houve problema, pois que elas eram de pequeno porte e de não tão complexa montagem. Contudo, com o passar do tempo, foram elaborados projetos de máquinas ciclópicas. Para que eles fossem realizados, a capacidade estritamente manual do homem seria insuficiente. Surgiu, então, a necessidade de se produzirem máquinas que fossem utilizadas na fabricação de maquinário maior ainda. Vê-se, portanto, a barreira orgânica que o homem rompeu por meio da tecnologia.
Publicado por: Jonas Kulakauskas Sá Freitas, Leonardo Simões Agapito, Marcos Vinícius Canhedo Parra, Murilo Borsio Bataglia, Rafael Maciel Mellado.
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