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segunda-feira, 25 de março de 2024

Ordem e progresso para quem?

          O positivismo, corrente filosófica e sociológica originada no século XIX e sistematizada por Auguste Comte, objetiva o alcance de uma sociedade perfeita, pautada a ciência e no materialismo. No contexto de sua criação, a revolução francesa e os princípios iluministas repercutiam na Europa, e a nova classe social em ascensão, a burguesia, almejava uma hegemonia de seus ideais políticos e ideológicos. Sob esse viés, Comte buscou retratar o desejo da burguesia e defendia, por meio do lema do positivismo, a ordem e o progresso. Desse modo, como a Europa sempre teve países que são considerados potências mundiais e exercem um certo domínio sobre outros, esse lema ecoou em diversos lugares do mundo, inclusive no Brasil, o qual deixa explícito essa influência por meio de sua bandeira nacional, que tem em seu centro as exatas palavras: "ordem e progresso". 

Ao ter um primeiro contato com essas palavras, é possível pensar que os positivistas desejam promover um desenvolvimento mais igualitário da sociedade, com mais direitos para a população e um avanço social, propriamente dito. Porém o que é efetivamente defendido nesse lema são os privilégios da elite burguesa. Representando uma pequena parcela da população, a classe dominante anseia manter-se assim, e consegue obter esse resultado ao utilizar do lema positivista para controlar e alienar o resto da sociedade. Logo, ao defender uma "ordem", deixam implícito que o grupo não dominante não pode questionar o status quo social, não deixando espaço para revoluções e, consequentemente, para mudanças estruturais. 


Além disso, pode-se concluir que a partir da "ordem", obtém-se o progresso, afirmação que deixa espaço para o evolucionismo. Por defender que existem sociedades mais evoluídas do que outras, sustentam a ideia de que as mais avançadas precisam salvar as menos desenvolvidas, o que serviu de justificativa, por exemplo, para o neocolonialismo do século XIX. Dessa forma, essa alegação serviu de pretexto para ocupar terras africanas e asiáticas e dizimar suas populações, enquanto as grandes potências obtinham matéria prima e mercado consumidor para continuar na liderança mundial. 


Portanto, ideias que parecem ser revolucionárias, na verdade são conservadoras, visando manter os privilegiados no poder e inibir mudanças sociais significativas. 

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