Há mais de quatro séculos atrás, grandes pensadores como René Descartes e Francis Bacon estariam contribuindo para a formação daquilo que seria conhecido hoje como “método científico”, que consiste, respectivamente, em: observação, formulação de etapas, experimentos e conclusão. Essa maneira de formular conhecimento é utilizada em pesquisas científicas, entendimento de fenômenos químicos e físicos e de várias outras maneiras, sempre visando garantir o progresso dentro das áreas de estudo em que utilizada.
Apesar dos séculos de estudo para a criação de um mecanismo para a produção científica, verifica-se que, para uma parcela considerável da população, os estudos por trás dessa invenção foram em vão. No século XXI, há, ao redor do mundo, um alarmante crescimento da popularidade de teorias que se se mostram contra a ciência, como, por exemplo, terraplanistas, antivacinas e dos mais diversos tipos de negacionismo. Desse modo, esses grupos de “estudo”, ao invés de fazerem contribuições relevantes, acabam por gerar atrasos nas áreas em que atuam, uma vez que questionam fatos já esclarecidos.
Diante disso, é possível afirmar que o “método” utilizado para essa obstrução científica se apropria daquele construído ao longo da história. Contudo, diferencia-se e se torna ineficaz na medida em que há a remoção da etapa de condução de experimentos. Com isso, ao mesmo tempo em que esse processo torna viável a participação de um maior número de pessoas, surge, simultaneamente, o surgimento de diversas ideias absurdas que parecem, em primeiro momento, verídicas.
Para ilustrar, visualiza-se esse processo na morte de Bruno Graf. Após a morte do advogado de 28 anos, sua mãe, Arlene Graf, tornou-se uma das principais figuras da direita brasileira no combate à vacinação. Nesse processo fica clara a utilização do “método anticientífico”, visto que ao observar a morte de seu filho 12 dias após a primeira dose da Pfizer, construiu-se a hipótese de ter sido causada diretamente pela vacina e, diante disso, concluiu-se, imediatamente e sem uma base sólida, que é necessário combater a vacinação obrigatória. Apesar de poder soar lógico, ao pular a realização de experimentos, a conclusão abre margem para falácias. Algum tempo depois, através de uma investigação verdadeiramente científica, foi comprovado que a morte do jovem foi causada por uma reação à vacina e não por ela em si. Com mais pesquisas e testes também evidenciou-se que o risco de óbito pela CODIV-19 é 56 vezes maior do que o de ocorrência de um efeito colateral relacionado à imunização. Assim, através de um estudo que contempla todas as partes da produção de ciência, fica claro que, apesar do infeliz destino de Bruno, a vacinação obrigatória não deve ser combatida e sim, incentivada.
Somando-se ao mecanismo de criação de teorias negacionistas, entende-se também a razão pela qual as fake news tornaram-se tão eficientes na contemporaneidade. Com o fluxo extremamente rápido de informações no século XXI, não há a devida verificação da procedência daquilo que está sendo enviado e recebido, de modo que, utilizando da mesma essência de verdade aparente do negacionismo, considera-se verídico aquilo que parece coerente, por mais que não seja. Sob esse aspecto, nota-se que para uma notícia falsa tenha sucesso em sua repercussão, basta que ela seja, em algum nível, coerente com a realidade. Diante desse cenário, o portal de notícias G1, por exemplo, encontrou-se na necessidade de criar o espaço “Fato ou Fake” com o intuito de combater esse cenário de notícias falsas convincentes que causam a desinformação em massa da população.
Infere-se, portanto, que o método científico continua sendo atual e essencial para o desenvolvimento de pesquisas adequadas e sérias. Contudo, ao mesmo tempo, vê-se também o crescimento de um “método anticientífico” que adapta-se dos estudos de Descartes e Bacon, criando verdades aparentes que colocam em risco o desenvolvimento da ciência e a veracidade das informações que circulam os meios de comunicação.
Augusto Ferreira Viaro - 1º ano matutino / RA: 241224268
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