Em seu livro "Sociologia", Auguste Comte mostra sua visão sobre a chamada "filosofia positiva", da qual é considerado o criador. O positivismo, como definido pelo filósofo, trata-se do estágio final do amadurecimento e progresso humano, o qual é visto como linear, e trata apenas o conhecimento alcançado por um método científico e empírico como verdadeiro. No entanto, ao ser aplicado em ciências humanas, o positivismo gera dificuldades para a ocorrência de avanços, interpretações errôneas e análises inadequadas.
A princípio, vale ressaltar que, apesar de ser vista como progressista, a "física social" de Comte tinha a finalidade de "resolver" tendências revolucionárias da sociedade da época. Com a visão positivista, a Sociologia buscava leis que ditavam o funcionamento básico de todas as sociedades, tal qual ocorre com leis das ciências exatas ou biológicas, porém, possuindo influências da ideia de moralidade religiosa, seu objetivo era, na realidade, manter o status quo, pois a sociedade, em sua interpretação, já estava no ápice de sua evolução. Nesse viés, a ideia positivista serve apenas à classe dominante, visando manter seu poder, o que pode ser provado por meio da deslegitimação de pontos de vista de grupos minoritários por serem considerados "subjetivos demais" em ambientes acadêmicos, como relatado por Grada Kilomba, uma mulher negra, em seu livro "Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano".
Além disso, na área do Direito, o positivismo prejudica a qualidade das decisões jurídicas. Conhecida como "positivismo jurídico", essa perspectiva usa a lógica de que o jurista deve ser neutro em relação ao conteúdo das normas, não examinando mais a fundo os aspectos das leis que são afetados pelas condições sociais, históricas e econômicas das sociedades modernas. Por conseguinte, ao se atentar apenas aos fenômenos observáveis escritos nas leis, os juízos de valor por trás delas são ignorados e as determinações jurídicas são baseadas apenas em interpretações literais das normas, o que gera, por exemplo, discussões que defendem a não consideração de uniões estáveis e casamentos homoafetivos como famílias, pois, na Constituição Federal, o conceito de "família" é definido, de maneira ultrapassada na sociedade atual, como a união de um homem e de uma mulher apenas, em vez da atualização da definição.
Desse modo, é notável que, apesar de, quando surgiu, o positivismo ser considerado como "progresso", na contemporaneidade, ele causa dificuldades para o avanço ao ser utilizado como argumento em diversas instâncias sociais.
Beatriz Perussi Marcuzzo, 1º ano - noturno, RA: 241220459
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