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terça-feira, 19 de março de 2024

    Augusto Comte, em seu Curso de filosofia positiva, ressalta a supremacia das ciências positivas e a consequente anulação da Metafísica e da Teologia em nosso sistema social. Ao destacar a decadência dessas duas filosofias, a conclusão a que chega o pai da Sociologia é de que existe a necessidade da instalação de uma Física Social, baseada na observação direta dos fenômenos sociais, além de ser regulada por “leis naturais”. Transpondo esse pensamento à realidade brasileira, podemos identificar complexidades de ordem social, econômica e política que não podem ser resolvidas apoiando-se na Física Social proposta por Comte.

     Como exemplo, a existência de questões estruturais, como o racismo estrutural, que advém de processos históricos e culturais, e que não obedecem a simples aplicação do método científico ou de leis naturais invariáveis. Portanto, nem sempre as leis naturais da Sociologia satisfazem o conjunto dos fenômenos sociais observados em nosso cotidiano. Há importância em destacar, também, que a profundidade das questões sociais brasileiras desafia a visão positiva de Comte, uma vez que as instabilidades políticas e sociais reinam em nosso país. Tal fato demanda um estudo mais amplo dos aspectos sociais, opondo-se, dessa forma, à constância dos fenômenos observáveis de Comte. Em conclusão, a solução científica dos positivistas não é suficiente para compreender as questões políticas, sociais, culturais e econômicas do Brasil. Além disso, torna-se um risco aplicar a interpretação positivista no campo jurídico, já que o conhecimento jurídico não pode basear-se apenas no que já foi estabelecido, mas sim na conjuntura dos processos sociais, ponderando também outras formas de análise filosófica.

Camille Garrido Portella - Dir Noturno 1ano

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