Augusto Comte, em seu Curso de filosofia positiva, ressalta a supremacia das ciências positivas e a consequente anulação da Metafísica e da Teologia em nosso sistema social. Ao destacar a decadência dessas duas filosofias, a conclusão a que chega o pai da Sociologia é de que existe a necessidade da instalação de uma Física Social, baseada na observação direta dos fenômenos sociais, além de ser regulada por “leis naturais”. Transpondo esse pensamento à realidade brasileira, podemos identificar complexidades de ordem social, econômica e política que não podem ser resolvidas apoiando-se na Física Social proposta por Comte.
Como exemplo, a
existência de questões estruturais, como o racismo estrutural, que advém de processos
históricos e culturais, e que não obedecem a simples aplicação do método
científico ou de leis naturais invariáveis. Portanto, nem sempre as leis
naturais da Sociologia satisfazem o conjunto dos fenômenos sociais observados em nosso cotidiano. Há importância
em destacar, também, que a profundidade das questões sociais brasileiras desafia
a visão positiva de Comte, uma vez que as instabilidades políticas e sociais reinam em
nosso país. Tal fato demanda um estudo mais amplo dos aspectos sociais, opondo-se,
dessa forma, à constância dos fenômenos observáveis de Comte. Em conclusão, a
solução científica dos positivistas não é suficiente para compreender as
questões políticas, sociais, culturais e econômicas do Brasil. Além disso,
torna-se um risco aplicar a interpretação positivista no campo jurídico, já que
o conhecimento jurídico não pode basear-se apenas no que já foi estabelecido, mas sim na conjuntura dos processos sociais, ponderando também outras formas de análise filosófica.
Camille Garrido Portella - Dir Noturno 1ano
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