O materialismo histórico proposto por Karl Marx e Friedrich Engels revolucionou a forma de interpretar a realidade social. Enquanto anteriormente o idealismo hegeliano predominava na filosofia alemã, Marx abre os olhos de uma sociedade cega pelo metafísico. Segundo Hegel, “o espírito é o motor da história e da sociedade”. Em contrapartida, Marx firma algo concreto argumentando que as relações humanas ao longo da história são movidas pelos vínculos de produção e pelas condições materiais que os seres humanos estão expostos. Essa ruptura inovadora de Marx é utilizada na atualidade nos estudos das ciências sociais, com o objetivo de interpretar a realidade de forma concreta.
Nas metrópoles
brasileiras, um grave problema em pauta é a população em situação de rua, que têm
gerado debates éticos sobre quais medidas devem ser adotadas para solução da
problemática. Portanto, torna-se imperiosa uma análise crítica da conjuntura
social, com base no cenário retratado tendo por base a corrente marxista, dando
um olhar de profundidade científica aos fatos históricos-sociais.
Inicialmente,
nota-se o emprego da arquitetura hostil nas grandes cidades nacionais. O termo
arquitetura hostil foi criado pelo jornalista Ben Quinn, ele descreve como estratégias
de design urbano que utilizam elementos físicos para dificultar o acesso e a
permanência de pessoas em espaços públicos, por exemplo, bancos
desconfortáveis, lanças em muretas, traves metálicas nas portas dos comércios e
entre outras práticas que inferiorizam a essência humana a fim de promover uma
“higienização” dos centros urbanos.
Utilizando-se
do método de Marx e Engels para analisar a situação anteriormente citada,
pode-se salientar que, o espaço urbano, no marxismo, não é neutro — ele é
construído de acordo com as necessidades do capital. A arquitetura hostil mostra como a cidade é
planejada para proteger os interesses da classe dominante, especialmente na
valorização do solo urbano e expulsão de indesejáveis dos centros de consumo.
Com isso,
torna-se necessário promover a humanização político-social com intuito de
legitimar leis que proteja a população de rua inserida no contexto de vulnerabilidade.
Referente ao exposto, em 2022 foi aprovada A Lei Padre Júlio Lancellotti, que
proíbe justamente, o uso da arquitetura hostil nos espaços públicos, sendo
assim, um grande avanço para o combate das desigualdades presentes nas
metrópoles brasileiras.
Conclui-se,
portanto, a imperiosidade de analisar a sociedade de forma material-histórica a
fim de construir cidades mais justas e igualitárias, evitando através de leis, práticas
segregarias como a arquitetura hostil.
Demetrius Silva Barbosa, Matutino.