A desigualdade educacional persiste como um dos maiores impasses sociais contemporâneos. Para compreendê-la melhor, a teoria funcionalista do sociólogo Émile Durkheim, conforme apresentada em As regras do método sociológico, fornece uma visão crucial: a escolaridade é um fato social cuja função é integrar os indivíduos, disseminando valores comuns que garantem a harmonia da sociedade. No entanto, quando o sistema escolar não oferece oportunidades iguais e padrão de qualidade, ele falha na integração, criando tensões que ameaçam a sociedade.
Durkheim defendia que as instituições sociais, como a escola, moldam comportamentos individuais através da coerção social, promovendo a solidariedade necessária à vida coletiva. No entanto, a disparidade de condições entre escolas públicas e privadas no Brasil evidencia uma disfunção nesse mecanismo. Complementando essa análise, o sociólogo Pierre Bourdieu, em sua teoria da reprodução social, argumenta que o sistema educacional, em vez de apenas integrar, também perpetua desigualdades, já que transmite capitais culturais desiguais entre as classes sociais. Assim, as escolas não apenas refletem desigualdades preexistentes, mas também as reforçam, em contradição com a função ideal proposta pelo funcionalismo.
Essa realidade exige uma crítica consciente, como já indicava Durkheim ao afirmar que o estudo dos fatos sociais deveria incluir a identificação de suas funções e disfunções. A desigualdade educacional é, portanto, um desvio funcional que precisa ser corrigido para restaurar a capacidade da escola de promover a coesão social. Reconhecendo que os fatos sociais podem ser modificados, torna-se essencial repensar políticas públicas que garantam acesso equitativo e qualidade de ensino para todos os estratos da população.
Portanto, à luz da teoria funcionalista e das críticas contemporâneas como as de Bourdieu, é urgente enfrentar a desigualdade educacional. Apenas com a efetiva democratização do ensino, é possível assegurar que a educação cumpra sua função de integrar a sociedade, promovendo justiça social e fortalecendo os laços que sustentam a vida coletiva.
Jessyca Pacheco Almeida - primeiro semestre matutino
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