O filósofo Karl Marx parte de uma crítica direta à filosofia de Hegel, invertendo sua dialética idealista em prol de uma dialética materialista. Enquanto Hegel via a realidade como manifestação ideológica que se desdobra ao longo do tempo por contradições internas, Marx argumenta que são as condições materiais, a forma como as sociedades produzem e distribuem bens, que determinam as ideias, as instituições e o próprio processo histórico. Para Marx, a história não é um desenvolvimento de ideias abstratas, mas o resultado de conflitos concretos entre classes em diferentes fases do modo de produção.
Nesse sentido, essa ênfase nas condições materiais leva Marx a conceber a sociedade como um organismo em constante modificação temporal. Parte-se de modos de produção anteriores, como comunismo primitivo, escravismo, feudalismo…cada um marcado por uma forma de propriedade e de relação social, até chegar ao capitalismo. Em cada etapa, as contradições internas criam as condições objetivas para a transformação daquela ordem social. Assim, o movimento da sociedade não é linear nem puramente voluntário, mas um processo dialético em que o acúmulo de tensões materiais “empurra” para uma nova forma de organização social.
Além disso, no cerne da proposta revolucionária de Marx está a luta de classes como motor histórico. O proletariado, explorado pelos donos dos meios de produção, vai desenvolvendo gradualmente sua consciência de classe ao vivenciar uma exploração cada vez mais intensa – processo que se acelera conforme o capitalismo se moderniza. Uma vez convento de que seus interesses são antagônicos aos do capital, os trabalhadores podem se organizar em sindicatos e partidos socialistas capazes de canalizar suas demandas e dirigir uma revolução que exproprie os meios de produção da burguesia e instaure uma sociedade sem classes.
Na contemporaneidade, percebe-se reflexos desse modelo de modificação temporal e de conflito material na emergência de movimentos de trabalhadores de plataformas digitais. Com essa questão de falta de direitos do trabalho informal, motoristas de aplicativos e entregadores vêm se organizando em associações e até mesmo em sindicatos informais, denunciando jornadas extenuantes, remunerações variáveis e falta de direitos sociais. Por exemplo, no Rio Grande do Sul, o Sindicato dos Motoristas em Transporte Individual de Passageiros por Aplicativos (Simtrapli-RS) organizou, em 23 de abril de 2025, uma audiência pública que reuniu motoristas e parlamentares para debater regulamentação e condições de trabalho do setor.
Portanto, esse fenômeno ilustra como o capitalismo digital, ao criar novas formas de precarização, também abre espaço para o despertar de uma consciência coletiva e o surgimento de formas inovadoras de luta, confirmando a atualidade da proposta de Marx. Sendo o Direito uma forma de suprir as demandas da evolução do homem em sociedade.
Nome: Camilly Isabele Mendes Agostinho
Turma: 1º ano de Direito Noturno
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