O Positivismo foi uma
corrente filosófica que surgiu durante o século XIX, em meio a emergência de
uma elite burguesa às luzes do Iluminismo. Podemos dizer que, basicamente, essa
corrente usava dos pilares lógicos das ciências exatas para uma análise da
sociedade. Assim, seu precursor, Auguste Comte, acreditava que como as forças
naturais eram regidas por leis que poderiam ser previstas pelo homem, as forças
sociais seguiam essa mesma linha de raciocínio. Mas a relevância desse
pensamento não se restringiu somente aos séculos passados, os fundamentos do
positivismo podem ser facilmente identificados na sociedade atual, enraizados
na forma de pensar e agir de grande parte da população.
Para começar a ilustrar
tal realidade, podemos analisar os vários traços positivistas no decorrer da
própria história brasileira. Temos já na Proclamação da República uma
influência muito forte do positivismo, e como sabemos, o maior reflexo de tal
se encontra estampado na bandeira brasileira que contém a frase “ordem e
progresso”. O dizer expressa uma das principais ideias da corrente que prega
que a manutenção do sistema é essencial para a plenificar a razão, dessa
maneira a ordem se torna pressuposto do progresso. Anos após, a ditadura
militar, extremamente inserida nesse pensamento, se mostra capaz de atrocidades
na tentativa de manter a ordem no país.
No nosso cotidiano as
ideias positivistas se encontram em praticamente todos os aspectos de nossas
vidas, querendo ou não. A educação, o trabalho, a família e a cultura são
exemplos de instituições que, a grosso modo, pregam para uma ordem estática,
conservadora, criando determinada moral que será incorporada pela grande parte
dos indivíduos, sendo usada como um “molde” para o agir deles. O problema desse
mecanismo é que essa moral é incorporada sem questionamentos e tudo que se
encontra fora dela, o “anormal”, é visto como uma ameaça para o bom
funcionamento da sociedade.
Tal forma de pensar é extremamente nociva, uma vez que
pelo fato do positivismo buscar somente as causas imediatas sem ter muita
preocupação com fatores tidos como secundários, seu alcance é curto devido a
uma compreensão tão limitada. Com um conhecimento tão restrito, abrem-se
espaços para a propagação de preconceitos e noções falsas, numa tentativa
constante de combater tudo que está fora da normalidade. Assim os
questionamentos e as novas realidades, que precisam de atenção, são duramente
reprimidos afim de se conservar pensamentos arraigados na moral coletiva.
Devemos então questionar se a felicidade - razão última do positivismo, voltada
para o equilíbrio e estabilidade - será
efetivamente alcançada dessa maneira.
Érika Luiza Xavier Maia 1º ano Direito Noturno
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