‘’Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar’’ – Los Hermanos
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar’’ – Los Hermanos
Esse é o refrão da música Conversa de botas batidas do grupo de
rock brasileiro Los Hermanos, a história da letra da música trata de um casal
que tinha que se ver escondido, pois o amor deles era proibido. Um dia, em um
de seus encontros amorosos, o hotel em que eles estavam pega fogo e eles se
entregam a morte, já que não aguentam mais ter de se esconder. A história que todos
compram é a de que era um casal heterossexual que tinham outros companheiros ‘oficialmente’,
entretanto, a meu ver, a música se encaixa perfeitamente na vida de todos os
casais homossexuais do Brasil, que por viverem em uma sociedade extremamente
machista, conservadora e homofóbica, tem que se esconder e muitas vezes se
entregar a essa estrutura que os reprime.
Atualmente, no Brasil, existe um fervoroso debate no judiciário sobre a ‘legalização’
do casamento homoafetivo, que envolve a moral da Igreja, a imposição do que é
uma família pela Constituição e ‘bons costumes’. Esse é o nível de
conservadorismo ao qual chegamos, instituir o que é uma família. Gostaria de
saber em qual momento as pessoas se sentem no direito de julgar se o amor de um
é válido ou não, se é plausível a nível estatal ou deve viver pra sempre nas escuras
de um sistema opressor. Outras muitas questões estão envolvidas como a legalização
do aborto, das drogas, a redução da maioridade penal, todas encrustadas na
velha questão da moral e dos bons costumes cristãos que se alastraram por todos
os órgãos políticos do país como uma doença e, por isso enxerga-se uma
judicialização crescente da política pois esta não mais é capaz de versar sobre
questões sociais e, como afirmado por Ulrich Beck em seu livro Sociedade de Risco ‘’a política vai
perdendo a credibilidade a medida que o Estado do Bem Estar Social falha em se
manter’’, ou seja, quando um direito para uma minoria irá desagradar grande
parte da população( como no caso do casamento homoafetivo), a política se
retira do jogo, e mostrando-se ativista, o judiciário abraça essas causas para
si. Entretanto, esses pseudópodes do judiciário mostra uma outra face do sistema brasileiro, a apatia do legislativo, que faz com que o equilíbrio pré-estabelecido entre os três poderes seja abalado e também, questionado,
Deste modo, antes de tudo, as pessoas tem que aprender a respeitar a escolha e o amor do próximo, e se por no seu lugar. Além disso, deve-se notar o perigo que é o crescimento do conservadorismo e da religião dentro dos orgãos políticos e uma vez percebido esse avanço, para-lo. O ativismo do judiciário não pode ser o único meio para avanços sociais, mas é o que foi encontrado...
Beatriz Carvalho - 1o ano noturno
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