O berço da desigualdade
(SALGADO, Sebastião; BUARQUE, Cristovam. O berço da desigualdade. 3ª
ed. Brasília: UNESCO, Instituto Sangari, 2009, p. 92-93)
Nos dias de hoje, muito tem se falado sobre violência urbana,
marginalização, fome etc, e em meios de combater esses fatos sociais. Redução
da maioridade penal, proibição dos “rolezinhos”, formação de condomínios
fechados, bolsa família, são algumas das soluções propostas ou adotadas.
Remédios imediatos para questões urgentes, talvez seja a ideia por trás dessas
alternativas, revelando uma lógica positivista subjacente.
Não é novidade, contudo, que as causas de tais problemas têm raízes
sociais mais profundas, as quais são reveladas se adotada outra perspectiva, a durkheiminiana.
Por exemplo, apesar da baixa prioridade real com que é tratado o assunto, é
consenso que a educação é um passo necessário em qualquer política, a longo
prazo, de redução dos conflitos sociais e da exclusão social. Mas, mais do que
isso, é importante que se priorize os aspectos qualitativo e universal da
educação, de forma que ela seja efetiva na redução da desigualdade social.
A imagem, da década de 90, revela uma realidade do interior da Bahia
(não muito diferente da de outros locais do país), um problema estrutural,
outro fato social em si, que nos faz refletir sobre a abrangência que deveria
ter um projeto educacional naquela época para que a realidade atual fosse menos
desigual. Criar condições para que as crianças possam aprender de forma eficaz (por
exemplo, sem precisar dividir seu foco com os cuidados com os irmãos menores),
como possuem as crianças de grupos mais favorecidos, é fundamental para que aquelas
possam superar as barreiras que as prendem em situação social marginal.
Nesse sentido, estudos da OCDE (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico)¹ mostram que um aspecto importante a ser considerado
nos sistemas de ensino é a equidade. Tal princípio, chave na redução da
disparidade econômica e social no futuro, se concretizaria na promoção de
educação de qualidade para todos os alunos, com a redução na variação de
desempenho das escolas por meio de uma distribuição mais equilibrada e justa de
recursos e de oportunidades.
Em suma, para atacar os conflitos entre grupos sociais atuais é
importante que exista um projeto educacional de longo prazo, que tenha por
princípio a equidade e que auxilie as comunidades a enfrentar as dificuldades impostas
ao aprendizado nas mais diversas realidades desse País.
Fernando –
1º Ano Direito Noturno (texto sobre Fato Social - Durkheim)
Referências:
1. OCDE.
Indicadores educacionais em foco. V. 4, p. 4, 2012. Disponível em:
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