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sexta-feira, 23 de março de 2012

Crédito aos ídolos

O autor Francis Bacon, em sua obra “Novo Organum”, discute o equilíbrio entre razão e experiência voltadas para o desenvolvimento das ciências e da mente humana. Bacon coloca em destaque a necessidade da criação através das ciências de instrumentos para modificar a realidade de forma prática, elaborar algo efetivo, funcional, relacionado ao bem-estar humano.
            Ao propor o uso da experiência como amparo sólido para a razão e para a construção do conhecimento, Bacon critica o mero exercício da mente, responsável pelo condicionamento do homem. Segundo o autor, o desenvolvimento da retórica, das meditações e especulações é superado pela natureza e isso resulta na inutilidade dessa sabedoria inexperiente para o incremento da ciência.
            Entretanto, o arcabouço de reflexões produzido pela humanidade até a época de Bacon foi em grande parte fruto da idealização de pensamentos direcionados para o campo metafísico e para o desvendamento da sociedade e do mundo. Assim, a ciência anterior a Bacon não tem produtividade semelhante aquela posterior a ele e mesmo assim é responsável pelo progresso através dos séculos, constituindo o alicerce da metodologia atual, que criou a modernidade na qual vivemos.
            As associações entre os homens graças ao discurso, que, segundo Bacon, são noções falsas assim como os ídolos, percepções incorretas do mundo, definiram normas e explicações ao organizar as sociedades antigas e deram origem aos sistemas atuais de governo. A proposta do autor de equilíbrio e ciência moderna seria incompleta com a inexistência de anterior contemplação filosófica.
            Enfim, a filosofia tradicional contribuiu decisivamente para o surgimento dos “primeiros métodos” e Francis Bacon rompeu com a admiração da mente humana para buscar auxílio às ciências.

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