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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Força Social x Liberdade Individual

Quero debater aqui três visões sobre a relação homem-sociedade. Em ordem cronológica, analisaremos Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber. Pretendo tratar com maior cuidado a visão weberiana, por ser o texto de concentração a obra “A ‘objetividade’ do conhecimento na ciência social e na ciência política”.

Émile Durkheim afirmava que a sociedade se sobrepunha ao indivíduo, já que ela, através de suas instituições, impunha normas coercitivas a este. A estas normas modeladoras ele chamou de “fato social”. Elas têm por objetivo educar e disciplinar. Elas traçam um perfil ideal, com características únicas que identificam seus membros como a ela pertencentes.

Karl Marx criou a teoria do “materialismo histórico”, e por muito tempo ninguém ousou questioná-lo. Weber chegou a dizer que tal visão se tornou um dogma no mundo científico, objeto de fé incontestável, prejudicando o desenvolvimento do pensamento sociológico. De acordo com o materialismo histórico, as relações interpessoais são frutos da condição material da sociedade. “A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes”, nas palavras de Engels e Marx, no Manifesto Comunista. Assim, o homem é levado a agir e pensar devido a sua condição de vida (abundância ou escassez). É o meio externo que define o ser.

Weber dizia que a sociedade era definida pelas ações sociais dos seres. Toda ação que estabelece uma comunicação entre indivíduos é uma ação social. O indivíduo, por sua vez é definido pelas ligações que faz com outros indivíduos. A sociedade é a soma desses indivíduos e suas inter-ligações. E como podemos avaliar tais ações? Classificando-as em quatro categorias, cada uma com características próprias. São elas:

- Ação afetiva: Seria aquela que o indivíduo realiza movido por suas emoções apenas, sem calcular seus efeitos. É impulsiva, guiada por estados sentimentais. Podemos considerar um exemplo disso uma agressão realizada em um momento de nervosismo; mas também uma palavra de amor que escapa naturalmente em determinado momento de carinho.
- Ação Tradicional: Seria a ação que o indivíduo realiza por simples costume, ou hábito. Não possui um sentido importante, trata-se de uma simples atitude de rotina.
- Ação Racional com relação a valores: Diferente das outras duas, esta é feita de forma racional e tem como motivação um valor, algum conceito, visão, crença que a pessoa carrega dentro de si.
- Ação Racional com relação a fins: Da mesma forma que a anterior, é feita de forma racional, porém esta tem como objetivo alcançar um fim determinado. Seria exemplo disso um atleta que compete pela medalha, um trabalhador que busca um bom salário, um estudante que na véspera da prova almeja uma boa nota.

Nessas três visões apresentadas (durkheimiana, marxista e weberiana) onde se deve realizar uma reforma para transformar a sociedade? Para Durkheim, nas instituições que impõem as normas aos indivíduos. Para Marx, através da Revolução, transformar-se-ia a economia, fonte de toda desigualdade existente. Para Weber, a transformação deve ser feita no indivíduo, já que é ele que caracteriza a sociedade.

Cabe aqui um comentário. Será que Weber estava certo? É o homem que, através de seus atos define a sociedade? Eu creio que em condições ideais seria. A sociedade nada mais é do que o conjunto de indivíduos autônomos. Porém, o que vemos é diariamente uma maior padronização dos seres. Alguns, através de normas coercitivas, estabelecem padrões modulares. Estranho ouvir falar em respeito à diversidade, quando todos os diversos possuem o mesmo discurso vazio e demagógico. Interessante quando nos dizem para respeitar opiniões, utilizando-se de um discurso autoritário. Eu realmente possuo meu “Direito de Discordar”? Por que querem me forçar a aceitar algo em prol da “diversidade”? E quanto ao meu direito de expressão? Eu realmente tenho direito a ir para o lado que eu achar correto? Posso me opor a uma legislação especial para os homossexuais sem ser chamado de “retrógrado homofóbico”? Posso me posicionar contra o apoio brasileiro ao governo venezuelano sem ouvir a palavra “imperialista”? Com a sinceridade científica que devemos ter em nossas análises sociológicas, digo que Durkheim estava correto, a sociedade impõe uma fôrma e modela os indivíduos de acordo com sua vontade. E não necessariamente através de instituições, porque o que se vê hoje é uma luta contra as instituições tradicionais.

Eu gostaria que a sociedade fosse como Weber diz, onde indivíduos escolhem as ligações que desejam fazer e realizam suas ações sociais, ainda que às vezes guiados por opiniões alheias, mas sem haver coação. É triste ver que a maioria segue o que é imposto e não faz ideia do “porque”. Eu sinto pena de quem segue a corrente, sem ao menos pensar no que está se passando. Não quero que ninguém se posicione contra algo apenas para não seguir a maioria; todavia, que tenhamos o direito de ser contrários quando assim considerarmos melhor. Enfim, eu sei que poucas vezes me darão este direito de lutar contra a corrente, mas estou disposto a executar minha “ação social relativa a valor”.

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