A
corrente sociológica do Positivismo é a primeira forma de ciência social -
denominada inicialmente como “física social” – preconizada pelo sociólogo Augusto
Comte. Essa ciência além de explicações, busca ter todo o controle da sociedade
em suas mãos e para isso, aproxima-se fortemente das ciências naturais, por estabelecer
um método para o conhecimento sistematizado e domínio do mundo social.
Primeiramente,
para se alcançar o estado positivo – último estágio da construção do
conhecimento – é necessário passar por outros dois estágios, o teológico e o
metafisico. Para Comte é preciso explicar a problemática única e exclusivamente
pelo fato em seu fenômeno imediato, sem buscar as raízes nem explicar as causas
que levaram ao acontecimento. A filosofia positiva rejeita todos aqueles métodos,
estabelecidos pela filosofia antiga, nos quais o questionamento é um pilar
primordial para a obtenção do conhecimento e do esclarecimento. Desse mesmo modo,
o saber advindo de aspectos religiosos, adquiridos por meio de uma revelação
divina é invalidado pelo Positivismo.
Mas o
que torna a “física social” preocupante é a necessidade de manter a ordem a fim
de gerar o progresso – lema escrito na bandeira brasileira “Ordem e Progresso”.
Com o objetivo de estabelecer constantemente essa ordem é estipulado que tudo
seja mantido em seu perfeito estado, sem que haja alterações, melhoras ou reivindicações.
Assim como nas leis naturais, tudo precisa estar equilibrado, modelado e
ordenado, da maneira que é imposta pelo preceito moral – modo de conduta –
estabelecido. A estática é uma das leis logicas que produz a aptidão para agir,
dentre os alicerces fundamentais que constroem essa “estática” encontra-se a família,
o direito e a moral.
Diante
disso, tudo aquilo que de alguma forma abala a ordem social imposta está inviabilizando
o progresso almejado pela filosofia positiva. Na atualidade é visível claramente
tudo aquilo que é sacrificado em nome do bem social, a fim de que não ocorra
uma “degeneração moral”. Diariamente, no Brasil, indivíduos que buscam direitos
igualitários, condições dignas, tolerância religiosa e sexual, são atacados,
inferiorizados, agredidos e, infelizmente, mortos por estarem reivindicado algo
mais humano do que a racista, machista, heteronormativa “ordem” estabelecida.
Portanto,
é ameaçador quando governos em pleno século XXI utilizam do Positivismo como suporte
para o seu modelo de conduta, de tomada de decisões e suas ações, por impor que indivíduos
se sacrifiquem – renunciem suas reais personalidades – para que a sociedade se
mantenha coesa e estável, a fim de não ameaçar a ordem imposta. Sendo assim, as
desigualdades continuam estabelecidas, os preconceitos potencializados e as
formas de conduta pessoais invalidadas.
Maria Fernanda Barra Firmino - 1° ANO MATUTINO
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