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sábado, 17 de julho de 2021

MERITOCRACIA E PROGRESSO

        A meritocracia é um modelo na qual se privilegia aqueles que se sobressaem em meio a todos, seja intelectualmente ou mesmo economicamente, tem a premissa de que todos possam prosperar basta o esforço individual, vinculando o sucesso unicamente ao esforço, e independe da situação financeira ou das oportunidades, restringindo apenas ao indivíduo.  Vincula as suas “conquistas” há um falso merecimento, como por exemplo, um aluno que conquista uma vaga em uma determinada universidade, essa conquista será tratada como merecimento pelos seus esforços enquanto estudante.

        A grande questão da meritocracia é que ela faz uma análise superficial, positivista, leva em consideração somente o fato consumado da “conquista” de determinado objeto ou cargo, como o exemplo dado anteriormente, não busca entender os acontecimentos sucessivos que levaram a tal fato, como as condições desse aluno, que pode ter tido uma qualidade de ensino melhor que de outro aluno, e por isso teve maiores chances no vestibular, ou mesmo de qual região esse indivíduo pertence. Portanto, coloca de maneira indevida todos em um mesmo ponto de partida, sendo que vários privilégios colocam os indivíduos em posições diferentes, uns mais a frente e outros trás, de modo desigual.

        A meritocracia apoia-se do método positivista como um modelo, fazendo uma análise meramente vaga dos fatos, ou melhor do fato observável, tido como válido apenas a realidade, excluindo todas as análises mais profundas que possam levar a conclusões diferentes. De certo modo, é um sistema que naturaliza as injustiças sociais, já que não leva em consideração uma investigação mais profunda da conjuntura, e, portanto, não busca a profundidade que reverbera a dinâmica social, assim sendo, o indivíduo aceita o seu “lugar social” e seu papel assim definido. Nesse sentido, toda a busca pela superação desse modelo é tida como a desordem e contraria ao caminho, dessa sociedade, do progresso.

        No Brasil, como em todos os países capitalistas, tem a meritocracia no cerne da sociedade civil, aliás é extremamente comum escutarmos que uma pessoa é esforçada, muito dedicada e por isso conseguiu um feito extraordinário, dito para poucos. Não passa de um mecanismo adotado para que essas “ambições exorbitantes”, como uma graduação em uma universidade pública, sejam vistas como algo difícil de ser alcançado e só com muita dedicação é possível alcançá-la, renunciando o papel do Estado nessas questões, que a priori deveriam ser tratadas pelo próprio Estado, ou seja, querem que haja uma harmonia social, e que não ameacem a ordem, quer dizer, querem a manutenção das desigualdades sociais. Ironicamente essa é a tal ordem defendia pela elite politica brasileira em prol do progresso.

Cássio Goulart - 1°Semestre Direito-Diurno

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