O positivismo, assim denominado por Saint-Simon
enquanto extensão do procedimento científico exato para o campo filosófico, foi
retomado como ideologia metodológica fundamental pela teoria de Augusto Comte.
Influenciado por pensadores clássicos e iluministas, e dentro de um contexto
histórico marcado pela industrialização, Comte legou à sua teoria positiva a
bagagem filosófica e empirista de Bacon e Descartes e a atualidade de Hegel,
tendo em vista lançar as bases do desenvolvimento intelectual pleno do homem e
o consequente progresso social.
Amplamente divulgados na obra “Curso de Filosofia
Positiva”, na qual Comte distribui em doses homeopáticas – as lições – seus
objetivos e conteúdo, os preceitos positivos defendem categoricamente a
instituição do método na busca pelas leis efetivas. Deve-se averiguar as
relações de sucessão e similitude, de forma a vincular os fenômenos, e não
prender-se a suas causas íntimas de origem e destino, dada a impossibilidade de
formar noções absolutas sobre esse aspecto.
Para chegar à lei verdadeira deve-se utilizar
invariavelmente o método. Entretanto, cada ciência demanda uma espécie de metodologia
a ser empregada: a própria essência da pesquisa inspira um método, não se trata
de algo rígido, imutável. Ademais, a formação sólida do conhecimento em torno
da pesquisa é imprescindível e, para atingir seu primor, deve passar por três estados:
o teológico, como ponto de partida; o metafísico, como estado de transição; e,
por fim, o positivo, alcançado pela análise e vinculação dos fatos, sendo definitivo.
Este último ainda simboliza o estado de
amadurecimento das formas de concepção do mundo, seu ápice, além da obtenção da
verdade pautada pelo método, empirismo e neutralidade.
A mais notável contribuição positivista de Augusto
Comte foi, contudo, a instituição da “física social”. Alicerce do atual campo da
sociologia, é assinalada pelo seu precursor como a última das ciências, aquela que
daria vazão à aplicabilidade de todo conhecimento acumulado. Deveria ser, desse
modo, responsável pelo entendimento, ordenação e, enfim, progresso da sociedade.
A convicção de que as leis gerais de uma ciência
social devem reger a sociedade e mantê-la estática é, todavia, questionável: a
subjetividade humana é inconstante, logo o estabelecimento de preceitos
imutáveis acerca da humanidade é inexequível. No que diz respeito a quadros de instabilidade
social, tomar por profilaxia unicamente o mantimento da ordem, inerte e
inflexível, significa ignorar qualquer ensaio de melhoria e busca pela primazia
de bem-estar, além de conduzir a sociedade à tirania e opressão.
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