Auguste Comte (1798-1857) foi um
filósofo francês, considerado o fundador da Sociologia e do Positivismo. Suas
teorias causaram grandes impactos na sociedade da época, e até hoje seus
ensinamentos ecoam dúvidas e críticas na contemporaneidade.
O positivismo desenvolveu e
defendeu arduamente a teoria do cientificismo. Tal teoria considera como
válidos somente os conhecimentos obtidos através da experimentação científica,
e ignora por completo qualquer outro tipo de fonte do saber, como a filosofia,
o misticismo e as tradições.
Como Bacon, Comte também eleva o
empirismo como o método confiável e único na busca da verdade. E como Bacon,
acredito que Comte cometeu os mesmos erros, sendo demasiado pretensioso em suas
afirmações, muitas vezes cercando-se em um mundo imaginário e simples, onde a
ciência e os ‘’padrões’’ são imutáveis e infalíveis.
Ademais muitas afirmações e teorias
no mínimo contestáveis, Comte, ao meu ver, comete um erro crasso ao tentar
padronizar e definir uma fórmula aplicável a qualquer sociedade entre homens,
não importando suas tradições, localização e particularidades. Ora, se os
principais teóricos e filósofos culturais defendem que a característica comum a
todas as sociedades é justamente a imprevisibilidade de suas relações sociais e
modos de organização, então como pode um homem do século XVII definir como
estas, sem exceção, devem funcionar para atingir o denominado ‘’progresso’’? - Seriam
todas semelhantes em seu desenvolvimento? É claro que não.
Ao ignorar as particularidades e diversidades
relativas a cada sociedade, e acreditar que o Positivismo seria a saída para
todas alcançarem o êxito, Comte já começa a demonstrar o teor universalista de
seus pensamentos, mostrando-se irredutível mesmo perante diversas contestações
e argumentos contrários. Além disso, contraria sua crença no empirismo, afinal,
para formular esses conceitos Comte não teve a oportunidade de testá-los, e
utilizou somente suas pré noções e juízos de valor já estabelecidos. Talvez
tamanha certeza no incerto não tenha surtido bons efeitos em sua consciência,
que chegou ao ponto de auto afirmar-se como uma espécie de ‘’papa’’ do
positivismo, onde Comte se colocava acima de todos os outros homens em uma
cultura universal positiva.
Particularmente, sou contra
qualquer tipo de teoria sobre relações entre humanos que pretenda-se universal.
Não existe tal coisa. É claro, relativizar ao extremo, como universalizar,
também torna-se perigoso, a medida que pode justificar o injustificável. Deve
haver um ‘’meio termo’’, um caminho ainda não posto em prática. Comte não
concordaria comigo.
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