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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Descartando o abstrato


                                                                  
                René Descartes, filósofo francês racionalista, preocupava-se em encontrar um método o qual fosse impassível de erros, utilizando como principais ferramentas a dúvida perante tudo que não é evidente e a razão. Para tanto, criou um sistema com máximas específicas, com o objetivo de tornar tal método o mais eficaz e seguro possível para o conhecimento das verdades. Não é de se estranhar portanto, sua preferência quanto as ciências exatas, que afirmam com objetividade seus enunciamentos, às humanas, por sempre estarem mudando e assim, reafirmando a falibilidade da subjetividade humana.
                Devia então, seu método ser permeado com qualidades inatas ao domínio racional, como foi uma delas considerada em uma de suas máximas, a evasão ao extremos. Pode-se provar que assim como para exercícios lógicos são necessárias virtudes como o temperamento e concentração, os domínios emocionais caracterizam-se pelos excessos e extravagâncias. Ao valorizar o caminho mediano então, evitava-se o risco de sair do campo proposto.  Em paralelo, pode-se traçar outro filósofo racional que valorizou o equilíbrio perante aos extremos: Aristóteles, pressupondo como meio para atingir a felicidade a temperança.
Valorizava-se também a não alienação do pensamento. Pressupondo que Deus quem nos instituiu a faculdade da razão, era nos obrigado saber utilizá-la, tendo todo ser humano perfeitas condições de avaliação sobre os assuntos estudados, sem a necessidade de tutela. Em direção explicitamente contrária, está a alienação à produção do trabalhador originada no século XX pelo modelo criado por Henry Ford, tendo como premissa a mecanização do trabalhador e logo inutilização de sua capacidade intelectual, estudada também a fundo em diversas obras por Karl Marx.
                Por último, Descartes utiliza das evidências para fundar verdades primárias. Como exemplo, a idéia de perfeição presente num ser humano, imperfeito por natureza, implica na tese que alguém teve que implantá-la, provando assim a existência de uma divindade, podendo ser conhecida como Deus. Ou ainda na própria existência atestada apenas pelo fato de se pensar, dando origem assim à seu aforismo amplamente conhecido: “Cogito, ergo sum” ou simplesmente “Penso, logo existo”.

                Renan Souza, Direito diurno

                

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