René
Descartes, filósofo francês racionalista, preocupava-se em encontrar um método
o qual fosse impassível de erros, utilizando como principais ferramentas a
dúvida perante tudo que não é evidente e a razão. Para tanto, criou um sistema com
máximas específicas, com o objetivo de tornar tal método o mais eficaz e seguro
possível para o conhecimento das verdades. Não é de se estranhar portanto, sua
preferência quanto as ciências exatas, que afirmam com objetividade seus
enunciamentos, às humanas, por sempre estarem mudando e assim, reafirmando a
falibilidade da subjetividade humana.
Devia
então, seu método ser permeado com qualidades inatas ao domínio racional, como
foi uma delas considerada em uma de suas máximas, a evasão ao extremos. Pode-se
provar que assim como para exercícios lógicos são necessárias virtudes como o
temperamento e concentração, os domínios emocionais caracterizam-se pelos
excessos e extravagâncias. Ao valorizar o caminho mediano então, evitava-se o
risco de sair do campo proposto. Em paralelo,
pode-se traçar outro filósofo racional que valorizou o equilíbrio perante aos
extremos: Aristóteles, pressupondo como meio para atingir a felicidade a
temperança.
Valorizava-se também a não
alienação do pensamento. Pressupondo que Deus quem nos instituiu a faculdade da
razão, era nos obrigado saber utilizá-la, tendo todo ser humano perfeitas
condições de avaliação sobre os assuntos estudados, sem a necessidade de
tutela. Em direção explicitamente contrária, está a alienação à produção do
trabalhador originada no século XX pelo modelo criado por Henry Ford, tendo
como premissa a mecanização do trabalhador e logo inutilização de sua
capacidade intelectual, estudada também a fundo em diversas obras por Karl
Marx.
Por
último, Descartes utiliza das evidências para fundar verdades primárias. Como
exemplo, a idéia de perfeição presente num ser humano, imperfeito por natureza,
implica na tese que alguém teve que implantá-la, provando assim a existência de
uma divindade, podendo ser conhecida como Deus. Ou ainda na própria existência
atestada apenas pelo fato de se pensar, dando origem assim à seu aforismo
amplamente conhecido: “Cogito, ergo sum” ou simplesmente “Penso, logo existo”.
Renan
Souza, Direito diurno
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