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domingo, 6 de maio de 2012

Uma escravidão espontânea


A sociedade capitalista desenvolve-se em um ritmo tão frenético, que inconscientemente assimilamos o frenesi de uma busca incessante pelo enriquecimento e a tão sonhada felicidade. Se fôssemos realizar uma análise mais profunda do meio em que vivemos, logo viria a nossa mente esse estereótipo ou de uma sociedade egocêntrica fadada a destruição pelo seu hedonismo, entretanto não percebemos que somos meros reprodutores dos dogmas que assimilamos ao longo de nossa existência, não se limitando a esse âmbito econômico, mas abrangendo desde do nosso modo de agir até pensar. Porque não posso comer com as mãos, em um restaurante onde não há talheres, mesmo estando com muita fome? Porque uso roupas tão desconfortáveis em ambientes formais, se seria muito mais agradável estar de shorts e camiseta?
Essas indagações apesar de serem pertinentes em pleno século XIX, já haviam sido feitas pelo sociólogo Émile Durkheim há aproximadamente um século. Durkheim em sua obra “As regras do pensamento sociológico” busca sanar esses questionamentos através do conceito que criou de fato social, no qual em cada sociedade seus indivíduos estão suscetíveis a forças exteriores que impõem determinados padrões sociais, alicerçadas em um poder coercitivo sob esses mesmos indivíduos. Portanto, partindo desse pressuposto, não possuo uma personalidade individual, somente copiei os paradigmas que estão ao meu redor.
Inconscientemente, nos tornamos escravos de uma visão unilateral do modo de vida ocidental e nos escandalizamos ao descobrir que há tribos na floresta amazônica, onde os garotos para serem considerados plenos homens devem receber veneno nos olhos, serem chicoteados e passarem vários dias sem se alimentar, provando sua dignidade perante a sua tribo. Tal aparente ofensa aos direitos humanos despreza que também possuímos nossos meios de tortura e rituais de passagem, destaca-se os jovens que ao passarem no vestibular, raspam suas cabeças ou indivíduos que se submetem a “mutilações” nas mesas de cirurgia, pelo simples estereótipo de se alcançar o corpo perfeito.
Durkheim, por meio de sua inovadora análise social, tornou-se um dos primeiros teóricos que defenderam o relativismo cultural, pois não há um único padrão de existência, mas uma grande gama que inconscientemente forçará seus indivíduos a serem seus discípulos. Essa premissa é imprescindível para uma plena harmonia social, pois uma maior tolerância evitaria diversos conflitos sejam eles éticos ou choques culturais.

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