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sábado, 18 de junho de 2011

Necessidade da "necessidade"

Como consequência da decadente eficiência do modo de produção feudal em atender às crescentes demandas dos novos mercados foi que tomou lugar o sistema manufatureiro. Este, no entanto, ainda não foi suficiente para suprir as exigências daquele contexto, pois a demanda permanecia em crescimento. Assim tornou-se necessário incrementar a produção, no âmbito tecnológico - com a implementação de novas máquinas - e nas relaçõesde divisão do trabalho, no que tange ao trabalhador e sua respectiva função.
Como já descrito por Marx, a luta de classes que existe em toda sociedade se dá até que haja uma transformação revolucionária (ou a ruína das classes em disputa). Na superação do modo feudal, esta consistiu na ascensãoda classe burguesa, que tomou as rédeas do processo produtivo. Estabelecendo-se como a proprietária dos meios de produção, determinou a exploração da enorme parcela da população que correspondia ao proletariado. A imposição de um sistema sob seu comando, com longas jornadas de trabalho, sendoeste, além de tudo, degradante, caracterizou a submissão dos trabalhadores aos burgueses, uma relação de evidente opressão.

Ainda estabeleceu-se um cenário muito instável, posto que a burguesia, como classe revolucionária, não pode se manter senão pelas constantes transformações de diversos aspectos desse sistema sob seu domínio. Havendo também a necessidade de mercado para expandir sua produção, os burgueses buscavam cada vez mais se espalhar alcançando novos espaços, gerando maior dependência internacional no tocante à troca de mercadorias e comprometendo indús
trias nacionais mais antigas.
Mais ou menos assim foi que surgiu a preferência pelos produtos estrangeiros, um insaciável desejo pelo novo e o rompimento com o real sentido do consumo. Um afã pelo desejado substituiu a satisfação com o essencial. A subsistência era o mínimo a se atingir, já não instigava então um sentimento de gratidão no homem. Ele só se sente bem na medida em que adquire o que quer, pois acredita, alienado, que é também de sua necessidade vital.
O capitalismo precisa sustentar-se através do consumismo e da, cada vez maior, exploração dos trabalhadores. Sem escrúpulos, recusando o fator humano, ele se impõe conforme possível.
Utiliza de seus caprichos, como a mídia, a obsolescência programada de suas mercadorias e o status determinado pelo "ter", por exemplo, para criar necessidades. E o homem, já iludido, presa fácil para essa armadilha, cai. E, mais tarde, mesmo já caído, cai novamente. Um ciclo de quedas que acaba aprisionando a sociedade nesse sistema, determinando quais são as suas "necessidades".

E então, o operário, terminada sua jornada daquele dia, dirige-se a uma loja próxima e compra a mais nova tecnologia do mercado, um produto compacto, que
desempenha mil e duas funções e que é a moda do momento. Não se importou em gastar, porque ele precisava daquilo. Achava que valia a pena... e nem sabia qual era essa pena.



De algumas coisas, o homem de fato precisa.
Outras, o capitalismo precisa que ele queira. E até hoje ele consegue o que quer.

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