Por muito tempo o contato entre os povos foi bastante restrito. Contudo, houve uma época em que esse fato começou a se alterar, até chegar, atualmente, a um grau de interdependência assustador. Desse contato houve um brusco aumento do tamanho dos mercados. Daí, a demanda por produtos também teve um incremento notável. Quem decide como suprir essa demanda é uma classe privilegiada, a burguesia. Ela modela a produção e transação de produtos ao seu comando.
O modo de produção empregado durante o período do capitalismo não foi suficiente para suprir o aumento das demandas dos novos mercados. Surgiu a necessidade de se incrementar a produção de mercadorias, o que foi feito através da otimização da produção, tanto pela alteração da maneira como se dava a organização do trabalho quando pelo emprego de novas máquinas, mais eficientes tanto na rapidez de produção quanto na qualidade dos produtos. Mas é interessante notar, apesar da verdade essencial que se revela nessa análise, o que pode ser entendido como demanda. Além das demandas que surgem espontaneamente, parece haver uma espécie de “imposição” de demandas. Frequentemente elas estão relacionadas à tecnologia. Internet, celular, carros, tudo isso não é “necessário”. Não era, mas quase que “se tornou”. Quem fomenta tais inovações dizem atender às “necessidades do mercado“. Mas fica a pergunta: são, de fato, necessidades?
Necessidade ou não, pouco importa. Aqueles que detém os meios para operar a produção de mercadorias são os que determinarão os produtos a serem consumidos. É a regra de ouro: quem tem o ouro faz as regras. A burguesia tem o ouro, a burguesia faz as regras. E isso se aplica a todos os aspectos relacionados à produção de mercadorias: onde são produzidas, por quem, porque, como, etc. Um aspecto particularmente interessante, também influenciado pela burguesia: a expansão da civilização. Ora, não é nada estranho que esses senhores do mercado prefiram vender para uma massa concentrada de pessoas, o que facilita muito o escoamento de mercadorias, do que vender para pequenos grupos esparsos por vário lugares, como acontece numa sociedade ruralizada. O lucro, dessa forma, é muito mais certo, e a dificuldade é bem menor. Um lojista preferirá estabelecer-se em um shopping center ou em uma rua mais afastada, onde precisará fazer esforços para alcançar potenciais clientes?
Entretanto, todo esse desenvolvimento leva à uma situação um tanto quanto ruim para o burguês: o proletariado entra em contato, e daí por diante os homens explorados, o proletariado, podem estabelecer uma comunhão de idéias revolucionarias uns com os outros. Os homens isolados, alienados, são inofensivos. Quando juntos, são um perigo. A burguesia os pôs em contato, fomentou, por assim dizer, a própria destruição. Isso para Marx. Não se pode deixar de lado, entretanto, o fato de que a maior parte dos homens não expressa categoricamente seus ideais comunistas revolucionários. E mesmo que expressassem, a eficácia desses ideais seria questionável.
É que o capitalismo é muito confortável para aqueles que nele se encontram bem posicionados. E por acaso esses últimos são os detentores da riqueza e do poder. Um homem sem muitas preocupações éticas pode usar como bem entender sua riqueza para... assegurar que ela continue sendo sua.
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