Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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segunda-feira, 16 de maio de 2011
A relação entre a divisão do trabalho, a consciência coletiva e os tipos de solidariedade.
Em A divisão do trabalho social, Émile Durkheim, entende a divisão do trabalho não como um sentido produtivo, e sim como algo relacionado com uma moral social, como um conjunto de valores que estabelece regras de convívio na esfera pública. Para Durkheim, os fatos sociais tem uma função específica e respondem a uma necessidade que a sociedade tem (metáfora: órgãos do corpo humano, onde cada um tem uma função própria). O trabalho de cada célula social tem um sentido maior do que a produtividade e o desenvolvimento econômico; tem um sentido de cumprimento da necessidade da demanda social (a divisão do trabalho é mais ampla e mais significativa do que as necessidades da civilização moderna-industrial). A moral, assumida pela divisão do trabalho, liga as pessoas umas às outras e introjeta no indivíduo fatores e importâncias sociais mais relevantes do que a manutenção da economia. Para Durkheim, a indústria, a ciência, as artes não têm uma conotação moral (significado meramente econômico e individual e preocupação apenas com o status), oque geralmente acontece nos tempos modernos. Elas tendem a uma degeneração coletiva, pois reforça o individualismo em relação ao todo (estímulo à consciência coletiva, que pode ser de fraca -religião- ou forte -ciência, metafísica- diferenciação social). Pode-se compreender então que o indivíduo movido pela solidariedade e espírito coletivo, vai se inspirar em uma aceitação que possa promover a felicidade do próximo mesmo que isso traga tristeza e amargura pra si mesmo (felicidade: afirmação do todo e negação de si mesmo). Durkheim ainda fala em sua obra que a sociedade se organiza de forma a encontrar seus complementos (quando há resignação de seu trabalho, esperando que outra pessoa complemente seu trabalho; que o outro cumpra seu papel), portanto há a eliminação da ardilosidade, da competição. Segundo Durkheim, o efeito moral da divisão do trabalho é gerar solidariedade social e o vínculo que envolve as pessoas existe para além da troca de serviços, da troca econômica. De acordo com o mesmo, a divisão do trabalho estabelece elementos de solidariedade anterior ao capitalismo (ex: a divisão do trabalho sexual- homem:caça/ mulher: procriação, organização da casa) e pressupõe uma anterior diferenciação social (a luta pacífica pela vida permitiu o engajamento em diferentes papéis sociais de acordo com o avanço da complexidade da sociedade, ou seja, ela incorpora as pessoas em lugares sociais determinados. Conforme o tempo, essa diferenciação vai se tornando mais intensa, tornando possível a incorporação, aceitação de novos elementos (sociais, religiosos, sexuais). Para Durkheim, existem dois tipos de solidariedade: a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. Na solidariedade mecânica, o indivíduo não age contra a lei, porque isso pode vir a comprometer a ordem social e a palavra e preceitos divinos. Já a solidariedade orgânica, tem a ver com uma sistemática, engrenagens mais amplas, onde o erro é punido de acordo com o impacto que causa na sociedade (vai de acordo com o direito restitutivo, indo, portanto, contra o direito repressivo que visa a eliminação e a oposição à consciência coletiva). Tendo em vista todos essas teorias e conceitos, para Durkheim, o indivíduo deve responder a estímulos internos e não a estímulos externos, e daí o significado da solidariedade.
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