Novamente na intenção de empregar as análises de Durkheim numa perspectiva crítica com aplicabilidade na sociedade, tratamos um dos assuntos por ele discorrido, a então chamada Divisão do Trabalho.
É necessário ressaltar o significado tomado pelo pensador quando se aborda esse assunto, uma vez que o mesmo pode ser observado através de diferentes pontos de vista, do seu sentido denotativo ao conotativo, físico a metafísico. Durkheim analisa a divisão do trabalho como uma divisão da ocupação dos homens; Ocupação do espaço por assim dizer. Na ordem social, ocupar um espaço significa pertencer a uma classe social, a ter comportamentos próprios do estrato por sí ocupado; Já na ordem do trabalho no sentido mecanicista, ocupar um espaço significa a tomada do seu posto de serviço frente a uma esteira, mesa, corporação, etc.
É a partir dessas divisões do espaço ocupado pelo indivíduo que Durkheim cria a ponte entre a divisão do trabalho no sentido econômico, que tem por objetivo o "melhor" aproveitamento, do ponto de vista econômico, da força de trabalho, enquanto no sentido social, devido a existência da moral, a divisão na ordem social, que caracterisa uma coisa natural, acaba por ser importantíssima para a manutenção da estrutura social, em que a funções dos indivíduos se complementam em uma consistência recíproca ao que Durkheim dá o nome de Solidariedade.
A solidariedade social nesse aspecto se dá pelo fato da integração de indivíduos que simplesmente não podendo naturalmente exercer todas as funções necessárias, acabam por interagir entre sí, e mais do que isso, depender um dos outros, logo o sentimento que surge entre eles mantêm a sociedade como uma única. Não que isso signifique uma total imobilidade social, mas exige o conhecimento de uma função dentro da sociedade por parte do indivíduo, que se torna parte de uma ordem.
Exemplificando, um único homem não seria capaz de cuidar do solo para produzir seus alimentos, alem de prepara-los, troca-los pelas coisas que lhe faltam, coletar os resíduos por ele criados, manter suas propriedades e seus direitos intactos, entre outras milhões de funções. Entretanto, na sociedade, em que existe tal divisão é perceptível o avanço econômico, a comodidade por isso criada e as possibilidades técnico científicas que só são possíveis devido a uma divisão do trabalho, onde o cientista pode se dedicar a estudar, enquanto o policial de dedica a manter a segurança. A solidaderiedade social fica evidente quando um homem consegue valorizar o trabalho que embora talvez seja menor remunerado tem uma função social talvez até maior que a sua, e a integração e interdependência não se aplica somente no campo das funções, mas também das competências, habilidades, e na diversificação criada por diferentes olhares e ideias sobre uma mesma ideia.
Embora para Durkheim diversos fatores sejam de relevância importância na constituição da ideia de Divisão do Trabalho, sua função e consequência na formação de uma solidariedade social, a fim de ser breve acredito importante que seja visualizado a aplicabilidade na sociedade do conceito proposto por Durkheim, e a partir dessa clareza existe a facilidade para se entender casos separados como a função da divisão sexual do trabalho, o direito como instituição também dividida, entre outros.
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