A partir de uma rápida observação no contexto histórico do século XIX, percebe-se que os valores tradicionais da época estavam enfraquecidos e muitas pessoas passaram a viver sob condições miseráveis. Na tentativa de sanar tal anomia da sociedade, Durkheim escreve “A divisão do trabalho social”, descrevendo a necessidade de uma solidariedade orgânica, aquela predominante nas sociedades “modernas” ou “complexas”.
Nela propõe-se seguir o exemplo de um organismo humano, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver, pois a solução estaria em cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho, havendo um sistema de direitos e deveres, e ao mesmo tempo manter-se solidários e dependentes aos outros para o bom funcionamento do ser vivo.
Essa consciência coletiva não seria uma entidade metafísica fruto de fenômenos sobrenaturais, mas no decorrer da atividade vários indivíduos iriam contribuir com uma pequena parcela para o todo. Assim, segundo Durkheim, "...em cada uma de nossas consciências há duas consciências: uma, que é conhecida por todo o nosso grupo e que, por isso, não se confunde com a nossa, mas sim com a sociedade que vive e atua em nós; a outra, que reflete somente o que temos de pessoal e de distinto, e que faz de nós um indivíduo. Há aqui duas forças contrárias, uma centrípeta e outra centrífuga, que não podem crescer ao mesmo tempo".
A divisão econômica do trabalho social é expressa em diferentes atividades industriais. E para garantir a coesão social, ela não estaria assentada em crenças e valores sociais, religiosos ou na tradição e costumes compartilhados, mas sim nas regras de conduta que se expressam nas normas jurídicas, isto é, no Direito.
Apesar das raízes do tempo em que viveu, a obra de Durkheim constitui um modelo capaz de influenciar constantemente nos produtos de seus leitores, pois mais de um século depois, a atualidade da obra torna-se evidente, sendo até mesmo possível afirmar que se Durkheim visse nossa sociedade ficaria chocado com seu grau de anomia e tamanha “imoralidade coletiva”.
Em síntese, a obra sociológica de Durkheim é um exemplo de obra imperecível, mas aberta a continuidades e reformulações, cuja maior marca é a prioridade do social na explicação da realidade natural, física e mental em que vive o homem.
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