Há, especialmente nos dias atuai, intensa valorização da palavra, da retórica, da articulação de raciocínios, do "falar bem". Não vejo, particularmente, nenhuma mal nisso. Contudo, acredito que, além de conhecer e aplicar técnicas que engrandecem o modo como nos expressamos, devemos reavaliar o conteúdo e a aplicabilidade do nosso discurso.
Francis Bacon afirma que, enquanto exaltamos e admiramos os poderes da mente humana, ignoramos suas falhas e não buscamos auxílio para adequá-los. Dessa forma, insistimos em "tagarelar" como faziam os gregos e não geramos conhecimentos capazes de melhorar a condição humana.
Para quebrar tal ciclo de produção inútil, Bacon recomenda domesticar a mente através da experimentação, isto é, embasar as ideias (pensamentos) em experiências observáveis (dados). Ele ainda argumenta que o homem precisa ser levado aos próprios fatos a fim de que ele se sensibilize e se sinta obrigado a renunciar ás teorias (especulações) e comece a produzir efetivamente ciência que auxilie o desenvolvimento humano.
Assim, não basta um cientista social mergulhar em livros, teorias, filosofias para chegar a um conhecimento relevante á sociedade sem visitá-la; não basta um político tecer seu discurso em favor dos oprimidos sem conhecê-los; não basta um médico receitar um medicamento sem saber se seu paciente conhece noções de prevenção da doença.
Portanto, é importante que o homem continue se expressando bem; porém, mais do que isso, é essencial que ele inove, experimente, busque conhecimentos que surtam efeito sobre o bem comum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário