“O vírus do Estado que mata”. Essa frase é de Rafaela Santos, mãe de João Pedro, um menino negro de 14 anos que morreu após levar um tiro de fuzil durante uma operação policial. O assassinato aconteceu durante a pandemia, época em que os casos de violência policial tiveram um aumento alarmante, que, infelizmente, continuam subindo nos dias atuais. Porém, essa violência tem um alvo específico, uma vez que 80% dos mortos pela polícia, no Brasil, eram pessoas negras. Nessa perspectiva, a proteção do Estado não é válida para toda a população, pois quem deveria trazer segurança acabou se tornando o terror de 55,5% da população brasileira (pretos e pardos), evidenciando-se que, em um país em que “Ordem e Progresso” é o lema positivista presente na bandeira, uma enorme desorganização abala mais da metade da sociedade brasileira.
Mormente, é de extrema importância
analisar a corrente filosófica positivista, origem do lema de nossa bandeira. O
positivismo defende uma determinada ordem, que busca sempre reorganizar
qualquer desorganização que abale o funcionamento dela. Mas, quem essa ordem representa?
É notório que ela privilegia e mantem a classe branca dominante no poder,
reforçando um ideal racista. A confirmação disso seria os fatos supracitados, já
que a vida dessas pessoas assassinadas pela instituição que deveria protege-las
recebe menos atenção do Estado. Logo, revela-se o seguinte questionamento: a
morte de pessoas negras é vista como uma forma de reorganização para conservar
a ordem?
Em suma, entende-se que, enquanto o
racismo permanecer no cerne da ordem positivista, continuando a beneficiar a
classe branca dominante, o Estado, a procura do progresso, não verá a morte de negros
como uma desorganização, muito menos a polícia que continuará a determinar quem
é ou não é bandido pela cor da pele. Assim como a fala de Rafaela, o vírus mais
letal para a população preta e parda é, e continuará sendo, o Estado.
Maria Clara da Silva Cruz, RA: 241221412
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