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quarta-feira, 27 de março de 2024

O positivismo como (des)organizador da vida social contemporânea

 

   O positivismo é uma corrente filosófica que emergiu no século XIX, e tem como principal expoente o filósofo francês Auguste Comte. Essa filosofia ergue toda a sua teoria na ideia de que tudo o que conhecemos e desconhecemos está submetido a leis naturais, invariáveis e imutáveis. Para Comte, a concepção de história baseia-se na tese de que o desenvolvimento e a evolução humana (individual e coletiva) pautam-se na lei fundamental dos três estágios: o teológico, o metafísico e o positivo. Esse último sendo o mais alto patamar que os indivíduos e a sociedade podem alcançar.

   Nesse aspecto, o filósofo tem uma percepção linear e pré-determinada da história, a qual se desenrola em fases imóveis e imutáveis e por isso, não cabe ao homem o papel de construí-la. O mesmo se aplica à ciência, para o positivismo, já está definido previamente o que é possível conhecer, qual o método para se conhecer e a natureza do que se pretende conhecer. No entanto, ao se concentrar exclusivamente em fatos observáveis e na neutralidade científica, o movimento positivista reflete e perpetua a ideologia da classe dominante, desligando-se das relações antagônicas de poder das sociedades.

   Desse modo, ele acaba por legitimar as instituições e essas relações de poder, ao invés de questioná-las ou desafiá-las. Assim, conduz os indivíduos à alienação resultante do sistema capitalista e mantém a massa trabalhadora estagnada em uma organização opressora, sem aspirações revolucionárias e sem uma compreensão crítica das estruturas sociais. Dessa forma, pensamentos conservadores com viés positivista estão cada vez mais presentes no corpo social – tendo como base pretensões absurdas e verdades “imutáveis” sem qualquer embasamento científico, que acabam prejudicando o coletivo.

   Em suma, embora essa corrente possa ter contribuído para o avanço da ciência e da metodologia científica de muitas formas em seu contexto histórico, se levada de maneira acrítica, a complexidade da realidade e as injustiças sociais serão reduzidas a aspectos quantificáveis e observáveis, perpetuando atitudes antidemocráticas, estabilizando as estruturas e marginalizando ainda mais os menos favorecidos.

Maria Laura Alves Nicolussi 
Direito Matutino

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