Bacon, inaugurando a modernidade, tinha certeza de que o conhecimento passaria a ser útil à humanidade e, pensando de maneira lógica e racional, os homens dominariam a natureza. Assim seria o futuro previsto pelo pensador e descrito por ele em sua “Nova Atlântida”: um mundo em que o conhecimento seria verdadeiro e serviria aos homens.
Não
é preciso fazer uma profunda análise dos dias atuais, mais de meio milênio
depois do que escreveu o filósofo sobre os ídolos, para dizer que suas previsões
não se concretizaram. Pelo menos não por enquanto. Mais ainda, o encontro das verdades
está longe de acontecer em um mundo em que outra teoria de Bacon - dessa vez que
dizia respeito a sua época e cujo assunto ele acreditava que seu novo método seria
capaz de extirpar: a teoria dos ídolos - vem se provando ainda atual e forte.
Se
nos séculos XVI e XVII o primeiro dos modernos dizia que a ciência era atrapalhada
pelos ídolos - falsos conhecimentos ou noções erradas da realidade - o que
pensaria ele ao ver atualmente a força que as fake news vêm ganhando? A cada
dia uma nova mentira é transmitida como se fosse verdade e algumas pessoas tomam essa informação falsa como incontestavelmente real. Para explicar porque isso acontece, os "ídolos da tribo", de Bacon, se mostram assustadoramente atuais.
Para
ele, graças a esses ídolos, o ser humano possui a enorme tendência de moldar a
realidade ao que já é tido por ele como verdade. Assim, tudo aquilo que condiz
com o que a pessoa crê torna-se, para ela, uma verdade absoluta e incontestável - independentemente de ser ou não verdadeiro -;
ao passo que toda e qualquer informação que contrarie os conceitos pré-concebidos
é automaticamente colocada na categoria de mentiras, de pontos de vista a serem
combatidos e, se houver poder para isso, censurados – mesmo que, racionalmente falando, essa informação se trate de uma verdade.
Essa
é a mais pura demonstração de como a humanidade age, ainda hoje, sob a influência dos ídolos
da tribo, aqueles que são inerentes à natureza humana e que Bacon tinha convicção
de que seriam combatidos pela nova forma de se pensar que ele estava inaugurando,
a qual tornaria, finalmente as teorias e filosofias úteis à humanidade ao mesmo
tempo em que possibilitaria a ela uma liberdade quanto aos ídolos e suas falsas ideias
para a construção de um conhecimento que realmente significasse poder,
atingindo, assim, sua máxima “knowledge is power”.
Maria Júlia Magalhães Leonel, 1º ano Direito Matutino
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