A
classe burguesa toma papel principal, indispensável e muitas vezes heroico nas
relações históricas. A tomada do poder das mãos de nobres absolutistas, a
democratização social, a liberdade humana, exemplos de sua “superioridade
cultural”. A ascensão burguesa proporcionou incríveis cumes de tecnologia e
conhecimento, coisa que nenhuma outra classe em qualquer outra era foi capaz de
realizar. A sociedade, após o ápice do poder burguês, finalmente é livre para
se organizar como quiser, cada cidadão é livre para fazer o que quiser segundo
a lei universal. Livres? Seríamos realmente livres?
Assistindo
o meio social com lupas para a problematização carcerária e jurídica,
consegue-se ver que a prisão, método atual de reparação da criminalidade, se
deu somente pela ascensão dos burgueses. Reparação. Reabilitação. Falácia. O
autor Michel Foucault apresenta que a finalidade da prisão, na verdade, nunca
foi reabilitar e ressocializar o delinquente. E sim excluir, vigiar e punir. E
assim acontece ainda nos dias atuais. Mesmo com toda a forma de suplício
ocorrida nas cadeias brasileiras, como superlotação, violência nas celas,
estupros, fome, pessoas vivendo na sujeira, sendo tratadas como lixo, propícias
a todos os tipos de doença, mesmo com tudo isso, ainda legitima-se o método,
defendendo que é o necessário para o delinquente. Necessário para quem? Para a
reeducação social do ser humano ou para a exclusão deste do meio social do
burguês opressor que pensa nos seus bens materiais acima da racionalidade
humana?
Apenas
um fato social que apresenta a alienação nossa de cada dia. Aquele que é capaz
de torturar desumanamente o homem que invade sua propriedade, seria capaz de
deixar o restante da plebe livre? Seríamos realmente livres? Um obrigado pela liberdade concedida por nossos heróis.
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