O
materialismo dialético como método científico sistematizado por Engels,
intencionava mostrar que o socialismo não era simplesmente um voluntarismo, mas
sim uma teoria profunda baseada num método científico. Para Marx e Engels, só
poderia se chegar à interpretação real dos fatos, a partir de hipóteses, não de
princípios, tal como o marxismo, com a sociologia como ciência.
Eles
acreditavam que o socialismo é o estudo, a teoria da sociedade burguesa e do
capitalismo com um manual para colocar o socialismo em prática, transformando o
que é fogo destrutivo num calor acalentador, transformando os bens da
modernidade em algo para todos, através da ciência. Como eles são produtos da
modernidade, se utilizam da ciência para superar a sociedade burguesa.
Para
Marx, diferentemente de Hegel, são as determinações que se fazem de uma forma
de produzir no mundo que vão dizer o que é real; desta forma, ele utiliza do
modo de produção para explicar sociedade. O ser humano, ontologicamente, se
distingue pela razão, a qual é questionada por Marx se é livre, pois não é
somente a razão que define o ser social, mas sim o trabalho pelo fim racional,
através da ciência, transformando o espaço. O trabalho com fim é a ontologia do
ser social.
Há
uma superação da filosofia, a dialética histórica busca as causas através da
análise científica histórica, não a explicação racional. Em uma crítica à
filosofia alemã, não basta uma batalha entre conceitos, estes devem ser
provados cientificamente. Para Marx e Engels, a história natural é o “espelho
da dialética” (transformação permanente), analisa-se historicamente as causas
mais profuundas dsa coisas para entender a função das coisas, o que elas
sintetizam. É necessário ir além do instantâneo, do que os olhos vêem, ver as
múltiplas faces e realidades das coisas.
“O
concreto é concreto, porque é a síntese de muitas determinações”, é um elemento
em permanente tensão, entre tese e antítese, sendo a dialética como real.
Portanto,
o materialismo dialético consiste em uma missão de desvendar as leis do
desenvolvimento histórico. A resposta para os males de qualquer época não está
nas ideias, mas sim na própria história.
O
socialismo para Engels é um percurso natural incontornável da história e não
uma obra do gênio humano. A ciência social tem cono objetivo a análise
histórica da sociedade. A cientificidade do “novo socialismo” estava em
decifrar as leis históricas e as contradições inerentes ao capitalismo, como a “mais-valia”
por exemplo, segredo da produção capitalista e principal mecanismo de
exploração da classe trabalhadora.
O
capitalismo por si só, de acordo com Marx e Engels, irá sucumbir, sua natureza
o faz assim, já que suas maiores crises são de superprodução. A libertação das
forças produtivas se dá quando estas saturam o mundo e se disponibilizam a
todos através da ciência moderna. Isso é o socialismo, superando o mercado.
Transformando o fogo destruidor em uma chama de construção do homem, por isso,
a fase burguesa faz-se necessária.
Desta
forma, a ideologia meritocrática de mercado assume papel central nas nossas
vidas, determinando as relações sociais, uma vez que determina a economia.
Segundo ela, os mais competentes enriquecem, através do trabalho. É exatamente
neste ponto que o materialismo histórico não iria analisar se um trabalhador
que é competente enriquece, analisaria as condições que este foi submetido
durante toda sua vida, se teve as mesmas oportunidades e se há chances reais
dele ascender economicamente de fato. E
baseado nessa ideologia, as pessoas ocupam seu tempo trabalhando exaustivamente
na tentativa de “subir na vida”, enquanto na realidade, estão contribuindo para
que os donos dos meios de produção enriqueçam ainda mais, através da “mais-valia”.
Assim, o mercado determina a vida e a morte. O capital determina quem vive e
quem morre.
Henrique Lopes Mazzon - Direito Noturno