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sábado, 30 de maio de 2015

As correntes sociais explicando as reações em cadeia na sociedade

         Em novembro de 2014, em meio ao furor que emanava da eleição presidencial brasileira, o advogado Alexandre Simões de Mello, 33, durante protesto contra a presidente Dilma Rousseff, acabou por protagonizar uma cena um tanto quanto desagradável, já que pelo simples fato de estar usando uma camiseta vermelha estampada com ícones do comunismo, enquanto caminhava em direção à sua casa, foi hostilizado por manifestantes.
         As ofensas e agressões ao advogado foram desde xingamentos e vaias até agressões físicas em forma de empurrões. Alexandre, que nunca teve seu nome citado sobre ter culpa ou relação, nem mesmo que distante, com os casos de corrupção contra os quais os manifestantes protestavam, foi alvo dos atos descritos anteriormente por apenas demonstrar posição política diferente da majoritária no momento em si.
         Fato mais curioso é que, salvo aquele específico momento, nosso protagonista não mais foi alvo de acusação ou cobrança alguma, o que se mostra plausível já que o mesmo não é culpado nem alvo de investigação alguma. No entanto, não se pode dizer que foi plausível a atitude dos personagens do relato descrito, posto que sua ações mostraram-se descabidas,impulsivas e violentas. Mas por que pessoas que estão protestando contra aquilo que seria ruim para a sociedade acabam por elas mesmas realizando atos condenáveis contra um membro inocente da sociedade?
         No livro As Regras do Método Sociológico, de Émile Durkheim, há a seguinte passagem: "há outros fatos que, sem apresentar estas formas cristalizadas, têm a mesma objetividade e  mesmo ascendente sobre o indivíduo. É o que tem sido chamado de correntes sociais. Assim, numa grande reunião, os movimentos de vivo entusiasmo, de indignação, de piedade que se produzem, não têm por origem nenhuma consciência particular. Vêm a cada um de nós do exterior e são suscetíveis de nos arrastar sem que o queiramos".
         Sendo assim, tomando por referência o raciocínio de Durkheim, as atitudes dos manifestantes seriam senão uma emanação da irracionalidade do momento vivido pelos mesmos. Seriam apenas resultado da corrente social que "pode acontecer que venham até a nos causar horror, tanto eram contrários à nossa natureza. É assim que indivíduos, e geral perfeitamente inofensivos, podem se deixar arrastar a atos de atrocidade quando reunidos em multidão".

Rafael dos Anjos Souza
Direito Noturno, turma XXXII

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