“The human race has only one really effective weapon and that is laughter.”
Mark Twain
O fato social, segundo
Durkheim, é decorrente da vida em sociedade. A socialização em si implica a
assimilação de uma série de normas pelo indivíduo, que vão desde princípios
religiosos até algo considerado banal, como o riso.
Embora visto a priori como banal, o humor carrega uma enorme significação quando
analisado mais a fundo. Afinal, é necessário que se faça uma vistoria completa
de determinada situação, que se tenha um conjunto de valores, que exista uma
participação do humorista na consciência coletiva para entender sua plateia e o
que a fará rir.
O humor também pode ser utilizado como
mecanismo de coerção, como uma sanção espontânea. Ao rir de determinada
atitude, determinada forma de se vestir ou de se comportar, os indivíduos
pré-estabelecem um padrão do que é aceitável e o que é passível de zombaria.
Logo, constranger e oprimir alguém por alguma ação cometida nem sempre é visto
como uma situação imoral, pois já foi pré-estabelecido que aquele comportamento
não é previsto num conjunto de crenças e de sentimentos comuns a uma maioria.
Além disso, o humor possui “exterioridade”,
ou seja, é exterior aos indivíduos. Ele existe e atua sobre as pessoas mesmo
que essas não o analisem a fundo, afinal, “Não se explica uma piada”. O cômico
decorre de regras sociais, costumes e leis, coage a consciência individual.
Ele também possui “generalidade”, ou seja,
se repete pelo menos na maioria dos indivíduos, além de ocorrer em distintas
sociedades, em determinados momentos ao longo do tempo. O cômico existe nos
mais variados momentos da sociedade humana, manifestado de formas diferentes,
como numa trova medieval, no teatro grego, numa cantiga folclórica, entre
outros.
Ao tomar conhecimento da proporção que
possui esse fato social que é o humor, é possível que ele também seja
manipulado para servir como ferramenta de confronto justamente ao tipo de
coerção que costumeiramente reforça. Questões como direito de minorias,
racismo, misoginia, homofobia, transfobia, entre outras, podem ser trazidas a
tona com uma piada que não condene a vítima, mas que exerça coerção ao
agressor.
O humor, portanto, pode ser considerado
ferramenta avaliativa de um conjunto de indivíduos e os fatos sociais presentes
entre eles, além disso, o humor em si, considerado fato social, pode
modificar-se, assumir novas significações e atuar em meio a sociedade, suas discussões, modificar suas sanções espontâneas e revelar-se como instrumento para mudanças.
Mariana F. Figueiredo
1º ano de Direito (diurno)
Introdução à Sociologia
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