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sábado, 30 de maio de 2015

O riso como fato social


“The human race has only one really effective weapon and that is laughter.”
Mark Twain


   O fato social, segundo Durkheim, é decorrente da vida em sociedade. A socialização em si implica a assimilação de uma série de normas pelo indivíduo, que vão desde princípios religiosos até algo considerado banal, como o riso.
   Embora visto a priori como banal, o humor carrega uma enorme significação quando analisado mais a fundo. Afinal, é necessário que se faça uma vistoria completa de determinada situação, que se tenha um conjunto de valores, que exista uma participação do humorista na consciência coletiva para entender sua plateia e o que a fará rir.
  O humor também pode ser utilizado como mecanismo de coerção, como uma sanção espontânea. Ao rir de determinada atitude, determinada forma de se vestir ou de se comportar, os indivíduos pré-estabelecem um padrão do que é aceitável e o que é passível de zombaria. Logo, constranger e oprimir alguém por alguma ação cometida nem sempre é visto como uma situação imoral, pois já foi pré-estabelecido que aquele comportamento não é previsto num conjunto de crenças e de sentimentos comuns a uma maioria.
   Além disso, o humor possui “exterioridade”, ou seja, é exterior aos indivíduos. Ele existe e atua sobre as pessoas mesmo que essas não o analisem a fundo, afinal, “Não se explica uma piada”. O cômico decorre de regras sociais, costumes e leis, coage a consciência individual.
   Ele também possui “generalidade”, ou seja, se repete pelo menos na maioria dos indivíduos, além de ocorrer em distintas sociedades, em determinados momentos ao longo do tempo. O cômico existe nos mais variados momentos da sociedade humana, manifestado de formas diferentes, como numa trova medieval, no teatro grego, numa cantiga folclórica, entre outros.
   Ao tomar conhecimento da proporção que possui esse fato social que é o humor, é possível que ele também seja manipulado para servir como ferramenta de confronto justamente ao tipo de coerção que costumeiramente reforça. Questões como direito de minorias, racismo, misoginia, homofobia, transfobia, entre outras, podem ser trazidas a tona com uma piada que não condene a vítima, mas que exerça coerção ao agressor.
   O humor, portanto, pode ser considerado ferramenta avaliativa de um conjunto de indivíduos e os fatos sociais presentes entre eles, além disso, o humor em si, considerado fato social, pode modificar-se, assumir novas significações e atuar em meio a sociedade, suas discussões, modificar suas sanções espontâneas e revelar-se como instrumento para mudanças.

Mariana F. Figueiredo
1º ano de Direito (diurno)
Introdução à Sociologia

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