De acordo com o relatório da Isaps (Sociedade Internacional
de Cirurgia Plástica Estétita), em 2013, o Brasil se tornou líder mundial em
número de cirurgias plásticas, ultrapassando os Estados Unidos. Foram
realizadas 1,49 milhão de operações estéticas, dentre as quais prevalecem a
lipoaspiração, o aumento e a elevação dos seios.
Seguindo o pensamento durkheiminiano, a crescente realização
de cirurgias plásticas estéticas compõe um fato social. Afirmo isso, pois, para
o autor, fato social é toda maneira de
agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior (DURKHEIM,
2002, p. 11). Assim, a tendência em se realizar mais cirurgias que visam
modificar a aparência para adequar-se a um padrão pré estabelecido exemplifica
o poder de coerção da sociedade coletiva sobre os indivíduos. Coerção essa que,
se não levar à adesão do indivíduo aos padrões, é seguida de sanções sociais,
como a discriminação.
Durkheim discorre também sobre o fato das atitudes privadas
serem também parcialmente sociais, pois reproduzem um modelo coletivo. Mas,
simultaneamente, dependem de fatores individuais, como a constituição orgânico-psíquica de cada pessoa. Por exemplo, todos
nós estamos submetidos à pressão social de nos encaixarmos em um padrão de
beleza ocidental, branco e patriarcal. Contudo, nem todos cedem a essa pressão
performando cirurgias invasivas para alcançar esse padrão. Assim, todos sofrem
com a coercitividade do fato social, mas lidam de formas diferentes com isso. E
aqueles que resistem, sofrem as punições por isso.
Um exemplo atual da gravidade desse fato social é o caso da
modelo Andressa Urach, que ficou internada em estado grave após uma infecção causada
pela aplicação de hidrogel nas coxas. A modelo a fim de se inserir num estrato
social em que há certo culto ao corpo, se submeteu a procedimentos perigosos e
que quase a levaram à morte.
Gabriela Alves Fontenelle
Direito - noturno
Gabriela Alves Fontenelle
Direito - noturno
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