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sábado, 30 de maio de 2015

A que ponto leva a coercitividade do fato social?

De acordo com o relatório da Isaps (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estétita), em 2013, o Brasil se tornou líder mundial em número de cirurgias plásticas, ultrapassando os Estados Unidos. Foram realizadas 1,49 milhão de operações estéticas, dentre as quais prevalecem a lipoaspiração, o aumento e a elevação dos seios.

Seguindo o pensamento durkheiminiano, a crescente realização de cirurgias plásticas estéticas compõe um fato social. Afirmo isso, pois, para o autor, fato social é toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior (DURKHEIM, 2002, p. 11). Assim, a tendência em se realizar mais cirurgias que visam modificar a aparência para adequar-se a um padrão pré estabelecido exemplifica o poder de coerção da sociedade coletiva sobre os indivíduos. Coerção essa que, se não levar à adesão do indivíduo aos padrões, é seguida de sanções sociais, como a discriminação.

Durkheim discorre também sobre o fato das atitudes privadas serem também parcialmente sociais, pois reproduzem um modelo coletivo. Mas, simultaneamente, dependem de fatores individuais, como a constituição orgânico-psíquica de cada pessoa. Por exemplo, todos nós estamos submetidos à pressão social de nos encaixarmos em um padrão de beleza ocidental, branco e patriarcal. Contudo, nem todos cedem a essa pressão performando cirurgias invasivas para alcançar esse padrão. Assim, todos sofrem com a coercitividade do fato social, mas lidam de formas diferentes com isso. E aqueles que resistem, sofrem as punições por isso.

Um exemplo atual da gravidade desse fato social é o caso da modelo Andressa Urach, que ficou internada em estado grave após uma infecção causada pela aplicação de hidrogel nas coxas. A modelo a fim de se inserir num estrato social em que há certo culto ao corpo, se submeteu a procedimentos perigosos e que quase a levaram à morte.

Gabriela Alves Fontenelle
Direito - noturno

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