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sexta-feira, 16 de março de 2012

Concepções Harmônicas

      "Com a definição atual, que a de todos os tempos, a loucura e a razão estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde outra começa. Para que transpor a cerca?"
                                                                                              Machado de Assis, O Alienista.
       René Descartes, em "O discurso do método", instrumentaliza os conceitos sobre razão, pensamento e verdade, a fim de criar e induzir um meio, que se aproxime ao perfeito, para conduzir a pesquisa científica.
       Ao decorrer da exposição de suas ideias, Descartes aponta os fatores necessários à pesquisa ( como a razão, a verdade, a clareza) e também aponta aqueles que não lhe são úteis, como o saber popular, mítico e  filosófico, pois estes não apresentam bases fortes o bastante para sustentar teorias.
       Baseando-se co conceito cartesiano sobre a razão, pode-se considerar que os homens que se voltassem totalmente ao misticismo, ao popular e ao sobrenatural seriam desprovidos de razão, logo, seriam insanos. E então, fazendo uso dos dizeres de Machado de Assis pergunto, por que transpor a cerca entre loucura e razão?
       Pois bem, a resposta é simples. O homem é um ser em constantes mudanças e que não se fixa em apenas um ponto de vista. Se pudéssemos organizar seus conhecimentos em um plano cartesiano, teríamos a razão como a reta das abscissas e o conhecimento popular, filosófico e mítico como a reta das ordenadas. Como se pode perceber, as retas são infinitas e distintas, tendo apenas o ponto de origem em comum. É nesse ponto que se encontra o ser humano. Ele é origem dos dois conhecimentos e deve estar em consonância com ambos.
       A razão pura é uma utopia e a filosofia pura é um devaneio. Para o homem ser completo se faz necessária a racionalidade cartesiana mas, da mesma forma, se faz necessário o conhecimento popular, mítico e filosófico. O homem necessita de razão para transpor seus objetivos mas, precisa da filosofia e dos outros conhecimentos para distinguir a melhor maneira de atingi-los.
       Portanto, os extremos nunca serão capazes de satisfazer todas as necessidades do homem. Logo, o homem só será pleno quando suas concepções forem harmônicas.

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